quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Depois dos filhos

Preservar a intimidade do casal após a chegada do bebê? Sim, é viável!

Vocês sonharam juntos com um bebê, o fruto do amor consumado. Compraram enxoval, fizeram estoque de fraldas, decoraram o quartinho, até caderneta de poupança a criança já tem para pagar a faculdade. Mas e vocês, foram incluídos nos planos? A nova "eu-mãe" em que você vai se transformar e o novo "ele-pai" que irá nascer com o filhote, as faltas de tempo, de atenção mútuas, as novas tarefas e obrigações e rotinas e... Ufa! Vocês pensaram em como vão preservar o 'casal' após o nascimento do bebê?

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Quando não paramos para pensar, a chegada daquele serzinho minúsculo e fofo que amamos com todo coração pode ser devastadora para o também frágil casal de novos pais. Isso porque o par passa a canalizar toda energia e tempo ao filho, como se a família fossem um bloco fechado e único. E se esquece do seu micronúcleo e da busca da individualidade. Aí, estresse e pressão são inevitáveis. Binômio perfeito para gerar muita dor de cabeça.

Depois que os filhos nascem a vida pode ser como antes? A chegada do filho traz questionamentos e expectativas que não existiam, é preciso renegociar espaços - inclusive emocionais -, assimilar sentimentos e novas facetas da personalidade do outro que emergem para se adaptar ao pequeno integrante com desejos diferentes que entra na vida do casal. É muito provável que surjam confrontos. O que fazer?A palavra de ordem é 'preservar'. Os pais não morrem como indivíduos.

Os momentos de intimidade e a vida a dois devem ser mantidos até como exemplo para os filhos, que mais tarde precisarão de modelos seguros para acreditar no amor e na vida. O médico e psiquiatra francês doutor Jacques-Antoine Malarewicz, em entrevista para Elle francesa, comenta sobre a importância de viver plenamente e a vida de pais e de casal - e valorizar os dois papéis.

Cuidar do próprio casal tranqüiliza os filhos que ficam contentes em saber que os pais têm momentos apenas para si. E que estão felizes.Dicas de preservaçãoFelipe Freitas, psicólogo familiar, do Rio de Janeiro, dá dicas de como tornar viável a vida a dois nesse momento de mudanças e "cobranças". "O espaço do casal deve ser mantido.

Ao centrar apenas na criança, o casal perde seu sentido, como se nada existisse além dela. Ter o quarto dos pais preservado, atividades como cinema, teatro, restaurante, alimentam e energizam a relação. Para isso, é fundamental ter consciência que a rede de apoio da família é importante para seu bom funcionamento. Poder contar com avós, babás e pessoas de confiança é um recurso que deve ser utilizado quando necessário".

O estabelecimento do limite é fundamental para o desenvolvimento infantil
Foi o que fez Betina para viajar com o marido. "Fizemos uma única viagem, de uma semana, desde o nascimento do nosso filho, que tem 8 meses. Ele ficou com a babá e com minha mãe. Esse período só nosso foi bom para resgatar os velhos tempos. Além disso, costumamos também deixar nosso bebê com a babá por algumas horas e visitar os amigos, sair pra jantar e ir ao cinema, só nós dois.

Ter uma babá ou a família por perto é a maneira de conseguir este tempo para nós. Senão, como fazer ?", questiona Betina Moreno, casada, ortodentista.É possível, sim, equilibrar os papeis. Superar o cansaço e a inércia para não deixar a instituição 'casal' de lado, mesmo não sendo tarefa fácil, é preciso - basta querer. É também uma preparação para o futuro: "Sempre fui intransigente com o tempo consagrado ao meu marido e à nossa intimidade. Hoje nossos filhos são adolescentes e querem sair só com os amigos deles.

Agora me dou conta de como tive razão!", confessa Daisy Lopes, 49 anos, mãe de três filhos.Gasto ou investimento?Mas nem todo mundo pode arcar com babá e folguista ou contar com a boa vontade dos avós. "Nossos pais moram em outra cidade. Eu e meu marido, uma vez por semana, pagamos a babá para ficar até um pouco mais tarde para sairmos sozinhos ou com amigos. A vida social e de casal passa a ser um investimento, mas acho que vale a pena", comenta Maria Eduarda Felix, 32 anos, advogada, mãe de dois filhos pequenos.

Ninguém deve ser só mãe ou só pai. Temos várias faces e é importante preservá-las, e fazer a criança crescer se interessando pela vida em família, caso contrário, o modelo que ela terá será pouco atraente. "Certamente os papeis de pai e mãe serão exercidos ao longo da vida do filho, mas não são os únicos a serem assumidos depois do nascimento do bebê. Para a própria saúde da criança, ela deve compreender que seus pais também têm uma relação entre eles. Retira-se, assim, a idéia do filho como centro da relação, onde todos seus anseios devem ser sempre respondidos pelos pais", observa Felipe Freitas.

Você sabe dar limites a seu filhote? Faça o teste!

O estabelecimento do limite é fundamental para o desenvolvimento infantil. "Com a relação dos pais sendo mantida, a criança começa a entender que a atenção não é dirigida apenas para ela. Esta distinção facilitará suas outras relações, estabelecidas ao longo do seu crescimento no meio social e afetivo, seja com colegas ou futuros namorados", explica o psicólogo familiar.Ser o único centro de interesse da vida dos pais é muito pesado para uma criança, que precisa de espaço para se expandir como pessoa. Para o filho, amor demais sufoca, para o casal, falta de amor mata.

Encare a realidade antes que seja tarde para todos.
Serviço:- Felipe F. Freitas - (21) 2553-4040

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