sábado, 31 de outubro de 2009

Limites, Chantagem: Consumismo infantil

Durante toda a vida, os desafios do mundo são constantes. Com a educação não é diferente. À medida que a criança vai crescendo, vai ampliando seus contatos, participando ativamente do meio em que vive. Essa participação vai exigindo da criança normas a serem cumpridas, pois espontaneamente a criança delimita um espaço físico para satisfazer suas necessidades, o que nem sempre é aceito pelo adulto, que vai interferir no seu mundo, protegendo-a dos perigos e das coisas frágeis que estão sob sua ação.

As primeiras reações às ordens e interdições são de obediência e devem ser repetidas constantemente, para que a criança perceba o que é possível ou não. Logo no segundo ano de vida, as reações de desagrado e desobediência aumentam. Em cada família, existe um código de regras sobre o que se pode ou não fazer.

Por esta razão, é necessário que a criança consiga aceitar certos limites para que se tome um ser social. Conforme os anos vão passando, estamos sempre buscando um modelo ideal para educar nossas crianças. A realidade atual tem mostrado que a conscientização de pais e filhos, no que diz respeito ao limite, diverge em muitos sentidos. Não é para menos, pois algumas décadas atrás a criança era tratada como um ser que necessitava ser civilizado.

A educação era rígida e o poder absoluto estava na figura do pai, a quem a criança devia total obediência, sem qualquer tipo de questionamento. Raramente o pai demonstrava amor pela criança. Depois veio a liberdade de expressão, os valores se viram ameaçados diante de tanta permissividade. A geração que teve uma educação rígida optou por criar os filhos livres de qualquer opressão.

A noção do limite foi esquecida e a sociedade atual se depara com jovens inseguros, totalmente despreparados para um mundo onde o mercado de trabalho busca jovens eficientes, audaciosos, seguros do que querem. Os anos 90 mostraram que cada vez mais os pais querem encontrar o equilíbrio entre autoridade e liberdade. Desejam estimular os filhos de maneira que saibam se virar no mundo, sem se esquecer do respeito ao limite.

É comum ouvirmos depoimentos de pais de adolescentes que questionam a educação recebida e tentam oferecer aos filhos o resultado encontrado entre a educação autoritária dos avós e a liberal que tiveram dos pais, para que a próxima geração possa crescer num ambiente diferente, com respeito, coerência e harmonia.

As regras sobre o que se pode ou não fazer são cada vez mais utilizadas pelos pais. O diálogo esclarecedor e o bom senso vêm ocupando espaços significativos, unidos à compreensão, ao amor e ao carinho. Aprender a dizer não, sem ficar se culpando, não é tarefa fácil para quem está acostumado a sempre ceder. Geralmente, cedemos desde que a criança é um bebê. Ao menor sinal de desconforto, estamos lá totalmente à disposição da criança, realizando tudo e mais um pouco, além do que ela necessita.

Se quer dormir na cama dos pais, a princípio negamos, depois acabamos permitindo e assim a criança vai Conseguindo seus objetivos. Quando dizemos não, é um verdadeiro desastre, com birras, choros, chantagem etc.

Surge então a famosa culpa. Os pais acham que a criança pode ficar doente, receiam a imposição da autoridade a qual têm direito, criando-a totalmente sem limites. Quando a criança ingressa na escola, geralmente Os problemas de ordem emocional aparecem. Afinal de contas, ela podia tudo, tinha tudo, mandava em tudo. Na escola, ela deve aprender a dividir tudo, tudo é de todos e as regras são estabelecidas por todos. Logo, o caos é geral.

A escola então precisa realizar um trabalho de conscientização com toda a família, esclarecendo e gradativamente introduzindo noções de limites; Isso quando os pais não tiram a criança da escola, pois alguns acreditam que a escola não se adaptou ao jeitinho de ser da criança. Na maioria das vezes, esse julgamento precipitado retarda o trabalho que pode ser iniciado tão logo o educador ou responsáveis percebam que o desempenho e o comportamento da criança diferem do esperado.

É comum nos depararmos numa negociação com os filhos em troca de algo. Até nos casos em que a criança está em adaptação escolar, costumamos presenciar os pais Inocentemente recompensando os filhos por terem permanecido na escola. O que fazer diante dessas situações de constantes promessas em troca de presentes, recompensas ou guloseimas?

Algumas crianças abusam da manha para conseguir o que desejam: fazem escândalos, choram, jogam-se ao chão, arremessam objetos longe etc. A criança aprende depressa que a chantagem é uma aliada muito eficaz.

Quando os pais toleram o não cumprimento das regras e normas, a educação tende a seguir por um caminho muito perigoso, às vezes irreversível. Os anos 90 mostraram que cada vez mais os pais querem encontrar o equilíbrio entre autoridade e liberdade.

Chantagens para que a criança se alimente, tome banho, vista o uniforme etc. em troca de doces ou presentes geralmente começam em casa. Por esta razão, os pais devem permanecer "sempre alertas" para não incentivar essas condutas. Pais que não agüentam ver uma carinha triste, julgando que a criança está sofrendo, perdem a noção do que é melhor para a criança.

Mais uma vez o limite precisa ficar bem esclarecido, como nesse exemplo: o alimento é necessário para a saúde e quem não se alimentar poderá ficar doente (não simplesmente almoçar em troca de um programa de TV).

Diante da satisfação de todas suas vontades, a criança chantagista pede cada vez mais... A relação com os pais, na base de trocas, torna-se um vício. Dependendo da intensidade e do tipo de relacionamento que os pais mantêm com os filhos, "combinações" para determinadas situações são saudáveis e não causam danos sérios: se você terminar de arrumar o quarto, daremos uma volta pelo parque (é importante cumprir).

Caso contrário, podemos encontrar no futuro crianças com dificuldades para se adaptar a regras, leis e valores da sociedade. A convivência com os amigos torna-se insuportável, pois convenhamos que não é fácil interagir com um chantagista que não aprendeu a conviver com a frustração.
O melhor caminho é sempre o esclarecimento de determinadas situações desde que a criança é bem pequena (diálogo), pois assim ela cresce num ambiente seguro, real e consciente de que um NÃO, dito com firmeza, mas com amor e carinho, é ideal para o seu desenvolvimento e para despertar o senso de responsabilidade e o exercício da cidadania.

Mas devemos sempre nos lembrar dos excessos de nãos. Se só há proibições no mundo da criança, ela não dará nenhuma atenção a elas. É necessário estabelecer as prioridades tratando de um aspecto de cada vez. É importante deixar claro para a criança tudo o que se refere a riscos ou alertar para ações que podem causar danos materiais. Conflitos associados à comida e à escolha de roupas muitas vezes não valem o esforço.

A criança, quando está cansada, não responderá às expectativas dos pais com relação à disciplina. Os pais certamente obterão sucesso se suprirem a necessidade momentânea da criança, dando-lhe um abraço, permitindo que ela durma, recupere as energias lanchando. Poderão tentar um novo diálogo mais tarde. Nessas situações, os pais também podem estar cansados e certamente não conseguirão ensinar nada de produtivo à criança.

A calma precisa falar mais alto, pois a criança logo entende, pela expressão facial, tom de voz e reações, que os pais estão perdendo o controle. Ambos poderão assustar-se diante de reações exageradas, provavelmente se arrependendo do que disseram ou fizeram.

Às vezes os pais esperam demais de seus filhos, dando instruções muito genéricas, exigindo comportamentos que não significam muito: "seja bonzinho", "comporte-se". Esses pedidos são muito complicados para a criança.

Pouquíssimas crianças entendem o que quer dizer "arrume o quarto". Crianças reagem melhor quando somos específicos sobre o que desejamos delas e utilizamos frases que deixam claro o que necessitamos. Assim estimulamos a criança a concluir a tarefa com sucesso: "Pare de gritar", "Leonardo, esse carrinho é do Lucas, devolva para ele", "guarde os brinquedos", "coloque o pijama no cesto".

Conflitos por controle são comuns e normais, mais é importante estimular a independência da criança, que se sente mais segura quando conhece seus limites. Por outro lado, torna-se ansiosa se as regras mudam ou pare cem ser negociáveis.

Sabemos que a mídia tem poder de influenciar as pessoas, principalmente as crianças. Os lançamentos de produtos infantis veiculados na TV, especialmente em datas como Páscoa, férias, Dia das Crianças e Natal exercem atração exagerada nos pequenos. Não é nada tranqüilo educar crianças neste século!

Conhecer os limites que a vida naturalmente nos impõe é fundamental para criança. Assim ela entende que o consumismo infantil é uma epidemia difícil de ser combatida. Em nossa sociedade o TER foi sendo valorizado de tal maneira que são poucas as famílias que conseguem fugir da febre do consumismo. Os pais saem para dar uma volta no shopping e de repente são surpreendidos pelos filhos puxando-os pelas mãos ou pelas calças, desejando guloseimas, tênis importados, bonecas, DVDS, aparelhos eletrônicos e mais uma infinidade de produtos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Filhos Mimados = Pais preguiçosos

Você já deve ter visto ou vivenciado a seguinte cena: no supermercado, uma criança se debate no chão, chora, berra, enquanto a mãe, em geral, costuma ficar bastante envergonhada com todos os olhares que se voltam para ela e para aquele pequeno ser tão sonoro, cuja vontade não foi prontamente atendida. O comportamento é típico de filhos mimados, encarados como um problemão. Mas como fazer para evitá-los? Boa parte da origem - e da solução - está nas mãos dos próprios pais.

O fato de um pai, uma mãe (ou ambos) mimar os filhos passa por diversos fatores e vai desde a superproteção até uma certa negligência. "Em vez de impor os limites e gastar energia discutindo com a criança, a saída mais fácil é atender seus desejos", diz a psicóloga Patrícia Spada, da Universidade Federal de São Paulo(Unifesp).

Outras questões que resultam na criança mimada incluem: a mãe com um alto nível de ansiedade, ou seja, com medo de que aconteça algo muito ruim para o filho; pais que demoraram muito para engravidar, e quando vem o bebê ele é tratado como um bibelô (algo frágil, que corre o risco de quebrar a qualquer instante) e a rivalidade entre o casal, levando-os a disputar o amor do filho mimando-o. O que também pesa é a imaturidade dos adultos por achar que uma criança bem amada é aquela que vai ter tudo que os pais não tiveram e um pouco mais, entre outros motivos.

Os efeitos do mimo
O mimo é a não colocação de limites claros e passar a atender a todos os desejos do filho, antecipar-se para que ele não se frustre, protegê-lo dos sofrimentos naturais e inerentes à vida. "São atitudes familiares que podem induzir a criança a ter um comportamento de risco não só na adolescência, mas ainda quando for uma criança maior", alerta a psicóloga Patrícia Spada.

Pais de filhos mimados tendem a ser super indulgentes e procuram até adivinhar qual deverá ser o próximo desejo da criança. Quando crescer, as chances dessa criança em não respeitar regras são enormes. Afinal de contas, ela foi criada como uma pequena "dona do mundo" - tudo que deseja ela tem, tudo que quer ela consegue.

"No futuro, eles podem desenvolver até um comportamento delinquente, quando muitas vezes se tornam líderes do grupo (pois foram tratados como autoridade ou realeza a vida toda), maltratando, prejudicando ou, no mínimo, desprezando os outros que não concordam com seu jeito de pensar e agir", ressalta Patrícia.

A Influência começa cedo
Desde o seu nascimento, o bebê está suscetível ao temperamento, às vivências positivas e negativas dos pais, aos modelos afetivos que eles tiveram, entre outros fatores que irão, certamente, influenciar e interferir no relacionamento pais e filhos.

Algumas atitudes dos pais podem, de fato, atrapalhar o desenvolvimento global adequado do filho, tais como: superproteção ou quando o contato com o filho é mantido de modo intenso e contínuo, seja dormindo com eles, amamenta-os durante bem mais tempo do que o recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (é essencial até o sexto mês de vida) e, principalmente, limitando o contato da criança com outras pessoas, ou com outros bebês.

De acordo com a especialista Patrícia Spada, são hábitos que impedirão o início da percepção do bebê de que o mundo não é somente a mãe ou o pai, mas está repleto de outros interesses - fato que pode deixar os pais bastante ameaçados em relação à perda do afeto do filho.

Outra atitude dos pais, frequentemente relacionada a abandono, mas disfarçada por comportamentos de total liberação, é a super permissividade, que consiste em fazer tudo o que o filho deseja, sem nunca colocar limites e nem posicioná-lo, explicando motivos de não poder fazer determinada coisa.

"No caso de bebês, uma situação que demonstra isto é quando os pais se adiantam aos desejos do filho, e prontamente tentam satisfazê-lo, não raramente, em relação à alimentação. Assim, a criança chora ou faz menção de reclamar e os pais, imediatamente, lhe dão comida, sem nem lhe dar a chance de perceber e sentir se está mesmo com fome ou não e conhecer seu ponto de saciedade", alerta Patrícia.

O poder do "Não"
É por volta dos dois anos de idade que a criança aprende a falar "Não". É uma descoberta natural, mas que por desconhecimento, os pais a enfrentam com receio de perder a autoridade e gera-se um círculo vicioso: a criança tenta se apossar de seus desejos e palavras recém-descobertas a fim de desenvolver seu mundo mental próprio ou sua identidade e, do outro lado, os pais temerosos não aceitam e muito menos compreendem esta fase e preferem eles dizer o "Não" a ficarem com a palavra final. É aí que começam os ataques dos pequenos. "A criança passa a ter verdadeiros ataques coléricos para se afirmar, cujo limite para a birra é uma tênue e frágil linha", acrescenta a especialista da Unifesp.

A idade crítica
Quando os pais não têm suas próprias questões emocionais bem elaboradas, é mais fácil que elas se confundam com as emoções do filho e, dessa forma, projetem nele seus desejos não realizados e suas frustrações. Por essa ótica, toda e qualquer idade é uma idade de risco para deseducar os filhos. "Cada uma das fases da vida exige dos pais atitudes firmes, afetuosas, e limites bem colocados evitando - ao máximo futuros transtornos de comportamento", alerta Spada.

O comportamento dos pais de não imporem limites para se livrarem do problema é uma situação mais comum do que se pensa. Em geral, os pais permitem que o filho faça tudo o que quiser com a condição de não incomodá-los. "É o que chamamos de superpermissividade e uma das consequências é a indisciplina da criança , diz a especialista.

Tem cura!
A reeducação sempre é possível, contanto que os pais realmente a desejem e estejam dispostos a arcar com as consequencias inevitáveis em função da mudança de atitudes, bem como com a resistência do filho em perder o trono (falso e prejudicial) no qual sempre viveu.

Geralmente, a escola chama os pais para orientá-los a procurar ajuda profissional, pois é no ambiente social do filho onde aparecem os desvios de conduta com mais frequencia. Outras vezes, os próprios pais percebem que tudo já está fora de controle e nem eles mesmos conseguem suportar mais tal situação. E é neste momento de coragem que podem procurar um profissional da área de psicologia para ajudar a criança a se desenvolver e aproveitar todas as suas potencialidades.

Confira abaixo as dicas da especialista Patrícia Spada para evitar a criança mimada em casa:
Quando a criança não aceita comer o que há na mesa e faz birra Resorver isto parte de uma boa comunicação da criança com os pais. O problema é que os lados não estão falando a mesma linguagem e, geralmente, há grande manipulação por parte da criança.

Há, de fato, o risco de a criança ficar sem comer, enfraquecida, vir a adoecer, e ela sente e percebe a insegurança e receio da mãe quanto a isso. Se a mãe não conseguir traduzir este clima emocional, será uma guerra de foice, pois ambos tenderão a mostrar ao outro quem é o mais forte e, é claro, a criança poderá estar em situação de risco.

Nestes casos, é indicado que a mãe converse muito com a criança, respeite-a em seu gosto alimentar, faça junto com ela alguns cardápios e insista, sem forçar, para que o filho experimente a comida, mas tenha a liberdade de escolher o que quer comer, mas contanto que coma algum dos ingredientes servidos.




Com o tempo, ele se sentindo respeitado como pessoa, sem ser forçado, sem sofrer violência (física ou psicológica), vai querer comer e passará a aceitar mais facilmente, em combinação com a mãe, o que quer que seja feito para se alimentarem.

Para que os filhos saibam reconhecer o valor material e o esforço dos pais para conquistá-las
Conversar sempre demonstrando sem cobrança o quanto é necessário para um adulto se esforçar para ter dinheiro; - Ajudar o filho a administrar sua mesada ( se a receber), deixando-o decidir pela forma que quer usá-la, mas também arcando com as consequências - quando a criança gastar tudo o que tiver. O adequado será que ela possa esperar e juntar o dinheiro todo novamente, aprendendo a esperar, a lidar com a frustração e reconhecer o amor dos pais por ele. - Não é saudável dar presentes para o filho o tempo todo.

É preciso que ele saiba a importância da economia regrada (e não exagerada), bem como a importância de os pais lhe pedirem opiniões sobre o que ele pensa que poderia ajudar para melhorar o orçamento da família.

Para que os filhos entendam o valor das amizades e a importância de compartilhar
Este é um valor que certamente começa em casa. Não é a mãe obrigando o filho a emprestar seu brinquedo favorito para o amiguinho que desenvolverá nele o sentimento de solidariedade ou de partilha. É natural que as crianças passem pela fase de não querer dividir nada do que é seu com nenhum amigo e, neste caso, é importante que a mãe e o pai respeitem e compreendam a posição e a emoção de seu filho e deixem que ele aprenda a lidar com as consequências de sua atitude.

Se os adultos estiverem emocionalmente bem, tranquilos e confiantes na educação que estão dando à criança, tudo não passará de mais uma fase conturbada e turbulenta, que quando acompanhada de perto pelos responsáveis pela criança, tende a se acalmar com o tempo.


Para evitar os ataques de choro e crises dos pequenos quando algo não sai como eles querem
Muitas vezes os ataques de choro e as crises não devem ser evitadas, justamente pela importância que a elas compete. Nenhum ser humano consegue tudo que quer na hora que quer e quando os pequenos percebem que eles também não são poderosos, - pois não só as coisas não são como querem como também não conseguem com que os pais atendam a seus desejos incondicionalmente - é o momento ideal para que devagar possam ir entrando em contato com a realidade e elaborar este sentimento de onipotência , tão natural e esperado nos filhos. É interessante salientar que, em geral, as crises de choro e de birra, muitas vezes, mais deixam os pais envergonhados - pela possível opinião dos outros (que nem se quer os conhece) de que não são bons pais, do que preocupados com a saúde emocional e mental ou desenvolvimento saudável do filho.

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domingo, 25 de outubro de 2009

Enurese e Encoprese

A eliminação involuntária da urina em crianças de mais de três anos denomina-se enurese e pode ocorrer durante o dia ou, com maior freqüência, à noite. A falta de controle pode estar associada a causas patológicas ou a problemas emocionais. Segundo informações do site Psiqweb, o hábito de fazer xixi na cama é um dos sintomas mais comuns de problemas emocionais na infância, porém ocorre em crianças com pouca ou nenhuma dificuldade emocional, podendo desempenhar papel importante devido a ambientes desfavoráveis à criança, estados irritativos, malformações do aparelho genital e fatores constitucionais.

Ao contrário da imaginação dos pais (prazer erótico e sexual), fazer xixi na cama dá à criança uma gratificação primitiva do corpo, uma sensação de calor e umidade, que lembra a imersão na placenta. Cerca de 10it dos casos são devidos a causas físicas e 90% a causas emocionais. As crianças, em sua maioria, molham-se na cama à noite, durante o sono, ou algumas se molham apenas durante o dia. Não podemos considerar crianças como enuréticas antes dos quatro ou cinco anos, pois ainda estão controlando sua micção.

As causas físicas mais comuns são infecções da bexiga ou dos rins, ou então um defeito no desenvolvimento anatômico do aparelho urinário. Se a causa não for detectada e tratada adequadamente, o problema tende a se agravar. Obrigações, castigos e repreensões só despertam na criança sentimento de vergonha, sensações de inferioridade e insegurança.

A mãe que trata a criança de três anos ou mais como se fosse um bebê de oito meses reforça um comportamento de dependência afetiva e de insegurança. Assim, a criança obriga os pais a lidar com ela como se fosse um bebê. Outras vezes, algumas situações geram carência afetiva e fazem com que a criança regrida emocionalmente, voltando a agir como um bebê só para chamar a atenção dos pais e obter mais carinho. Exemplos: separação dos pais, chegada de um irmãozinho, ingresso escolar e situações de insegurança.

A ansiedade dos pais e o excesso de preocupação com o desempenho das crianças podem torná-las inseguras, pois não se sentem preparadas para atender às expectativas dos pais. Há casos em que os pais é que precisam de terapia para saber lidar com a criança.

O tratamento da enurese é estabelecido de acordo com o aspecto psicológico. O pediatra tem condições de oferecer orientações, esclarecendo paciente e familiares sobre a origem do sintoma, lembrando sobre as possibilidades de cura, sem necessidade de utilização de medicamentos. Quando o pediatra consegue transmitir tranqüilidade à família e à criança, a melhora é nítida e rápida, logo nos primeiros meses.

Fortalecer a personalidade da criança, respeitando suas opiniões, reconstruindo sua autoconfiança, além do apoio do médico, são passos decisivos para superar o "problema" e alcançar sucesso. Denominamos encoprese a fase em que, na maioria das vezes, a criança já havia alcançado o controle esfincteriano e que, por alguma causa, retorna à fase anterior, deixando escapar as fezes na roupa.

É evidente que essa situação exigirá por parte dos pais e /ou responsáveis muita paciência e carinho, até que a causa seja diagnosticada. A encoprese (nome científico do problema) pode ser considerada como uma procura de segurança e afeto, como também uma forma de agredir os pais e o mundo externo. Geralmente, são crianças dóceis e tímidas que têm "dificuldade" em se relacionar com companheiros da mesma idade.

As fezes são para a criança os únicos objetos sobre os quais ela tem poder, que ela pode manipular, além de torná-la superior. Infecções agudas, doenças na espinha e cérebro, anomalias do reto e ânus são distúrbios que podem causar a encoprese, mas quando se confirma que nenhum desses fatores existe e as fezes são normais, as causas serão psicológicas.

Pode acontecer também a encoprese parcial; a criança reprime a necessidade de evacuar, principalmente longe dos pais, sentindo vergonha de suas fezes ou está tão envolvida em determinada atividade que inibe o máximo a vontade, sujando apenas as calças. Nesses casos, atenção, carinho e muito diálogo dos pais, esclarecendo à criança que ela deve interromper a atividade ou que não precisa reprimir a vontade, são suficientes para sanar essa situação.

Fortalecer a personalidade da criança, respeitando sua opinião, reconstruindo sua auto-confiança, além do apoio do médico, são passos decisivos para superar o "problema" e alcançar sucesso.

. Tentativa muito precoce de treinamento de micção;
. Ênfase excessiva no treinamento e controle da micção;
. Timidez acentuada;
. Imaturidade emocional;
. Rivalidade entre irmãos e imãs;
. Conflito entre pais;
. Conflito entre pais e a criança;
. Atenção insuficiente por parte dos pais;
. Insegurança;
. Problemas de relacionamento escolar.

domingo, 18 de outubro de 2009

Criança com agenda cheia não é sinônimo de adulto bem sucedido

Excesso de funções e papéis pode fazer com que o prazer pelas coisas desapareça
Por Minha Vida

Em tempos de tantas dúvidas sobre a educação dos filhos, o inglês Carl Honoré, também pai, reflete sobre os perigos de se manter um comportamento obsessivo em relação à educação das crianças. No livro Sob Pressão (Editora Record), que acaba de chegar às livrarias brasileiras, ele mostra, por meio de pesquisas e opiniões de especialistas, como a preocupação excessiva dos pais com o desempenho dos filhos coloca as crianças numa posição de opressão.

"Na busca por um futuro brilhante para os filhos, muitos pais sobrecarregam as crianças que ficam com a agenda cheia de atividades, e isso faz com que elas percam a oportunidade de encontrar seu próprio caminho", explica o autor. A obra Sob Pressão traz dicas de como planejar uma rotina saudável e mostra que nem sempre excesso de atividades, cursos e informação faz com que o jovem se torne um adulto bem sucedido.

Para o autor, o excesso de funções e papéis a exercer pode causar o efeito contrário, fazendo com que a criatividade e o prazer pelas coisas desapareçam. O autor acredita ainda que a ocupação exagerada dos filhos é na verdade uma tentativa dos pais de compensar a ausência, quando eles não têm tempo de ficar com os filhos. "Tentei mostrar no livro que educar é equilibrar ações e afetos e que o futuro dos filhos deve ser construído com cautela. Não adianta pagar cursos e passeios se você não está presente para ensinar valores e disciplina", explica Carl.

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sábado, 17 de outubro de 2009

Transtorno e Ansiedade de Separação

Segundo o Dr. Marco Wildt, que escreve na Internet sobre psiquiatria infantil, a característica essencial do Transtorno de Ansiedade de Separação é a ansiedade excessiva, envolvendo o afastamento de casa ou de pessoas com forte vínculo afetivo, normalmente a mãe. Crianças com este transtorno vivenciam um sofrimento excessivo quando separadas de casa ou de pessoas de vinculação afetiva importante, bem como podem sofrer antecipadamente diante da simples possibilidade de futura separação.

Há casos de saudade extrema com sentimentos de doença (febre, diarréia, vômito etc.) devido ao desconforto de permanecerem longe de casa. Ao serem separadas de pessoas principais de vinculação afetiva, as crianças abrigam temores de que acidentes ou doenças possam agredir as pessoas a quem têm apego ou a elas próprias. Freqüentemente expressam medo anormal de se perderem e de jamais reverem seus pais.

Costumam evitar ir a qualquer lugar sozinhas. Essas crianças, segundo o Dr. Marco, são incapazes de permanecer num quarto sozinhas, podem relutar ou recusar-se a ir à escola ou a fazer outro tipo de atividade fora de casa. Andam juntos, como uma sombra, atrás dos pais, não só externamente, como por toda a casa.

Apresentam insegurança para dormir, insistindo para que alguém permaneça a seu lado até adormecerem. Costumam procurar a cama dos pais, de um irmão ou de outra pessoa significativa à noite, podendo haver pesadelos, cujos conteúdos expressam os temores fantasiosos da criança. Queixas somáticas, como dores abdominais, de cabeça, náuseas e vômitos são comuns quando a separação ocorre ou está próxima de ser concretizada.

Fora de casa, podem exibir retraimento social, tristeza, apatia ou dificuldade para concentrar-se no trabalho, estudo ou brincadeiras. Dependendo da idade, podem apresentar medo de animais, monstros, de escuro, de ladrões, de bandidos, de acidentes, seqüestradores, viagens aéreas, situações perigosas que podem envolver sua vida e de sua família. As preocupações com a morte e o morrer são comuns.

Quando extremamente perturbadas diante da perspectiva de separação, podem apresentar raiva ou às vezes agredir fisicamente a pessoa que está forçando a separação. As exigências excessivas da criança em relação à atenção, ao carinho e ao amor freqüentemente se transformam em uma fonte de frustração para os pais, provocando ressentimento e conflito na família.

sábado, 10 de outubro de 2009

A Separação dos Pais

Seria a separação entre casais um problema? Realmente, eu acredito que não. A maneira, os valores, a preocupação que o casal tem em administrar a vida a dois e, conseqüentemente, os filhos que chegam para solidificar um relacionamento, tudo isso é a base fundamental para que não ocorra a separação. Mas, se ao contrário, a união é conturbada, sem respeito, sem regras de boa convivência, com constantes conflitos, ciúmes, infidelidade, sobrecarga de funções somente para um, ausência das necessidades básicas para o casal e para os filhos, a separação se torna até uma solução.

Não queremos aqui levantar a bandeira ideológica de que um casal deve separar-se. O casal deve sim, pensar, quantas vezes forem necessárias, para assumir o compromisso do casamento e de ter sob sua responsabilidade a educação de uma criança. Costumamos ver crianças sofrendo muito, inclusive com depressão, por conta de um casamento desestruturado, no qual o adulto só pensa em si, esquecendo que, da união, nasceu alguém que precisa ter todas as necessidades atendidas. Presenciamos também filhos de pais separados desenvolvendo-se em perfeita harmonia com os pais, com as pessoas e com o mundo.


Portanto, o mínimo que o casal deve fazer é poupar a criança de sentimentos confusos, com os quais ela não está preparada para lidar. Um casamento que aparentemente deu certo, em que o casal mantém constante diálogo familiar, com respeito mútuo, pode ter, em determinadas fases, filhos com dificuldades de relacionamento, insegurança, rebeldia, agressividade, falta de limites etc.

Então, resta a pergunta: O que acontece com a separação? Acontece que, na maioria das vezes, ela não foi bem resolvida, questões primordiais ficaram pendentes, a criança está sendo envolvida mais do que deveria. Só pelo fato de ser filha do casal a envolve, mas os pais costumam usar a criança como peça de um jogo do qual ela não pode fazer parte. O casal, admitindo que a união não deve mais existir, tem que ser consciente de que o relacionamento não deu certo e por esta razão optaram por separar-se. Não podem ficar bombardeando a criança com as possíveis falhas de cada um.

A criança que gosta dos pais às vezes sente-se até culpada por amá-los, pois quando está com o pai, não consegue desfrutar de momentos simples e de brincadeiras sadias, porque precisa responder a um interrogatório sem fim sobre a mãe. Quando permanece com a mãe, ouve comentários desagradáveis sobre o pai, o que gera na criança dúvidas, insegurança, desespero, angústia, solidão e até depressão: Por que o pai só vem buscá-la no final de semana? Por que o pai de sua melhor amiga mora na mesma casa que ela? Por que eu fiquei com a minha mãe e não com meu pai? Por que será que quando meu pai está comigo permite tudo e minha mãe não? A mãe conta sua história, o pai a versão dele.

A criança não é culpada pelo relacionamento não atingir às expectativas. Portanto, o mínimo que o casal deve fazer é poupar a criança de sentimentos confusos, com os quais ela não está preparada para lidar.É comum o pai (ou mãe) permitir e realizar, num final de semana, tudo o que a criança gostaria de ter feito na semana. Como o tempo é curto, age de maneira inadequada com a criança, prejudicando sua educação.

Até nessas questões, o casal deve permanecer atento, dialogar, para definir o que será ou não permitido. A criança que permanece mais tempo com um dos cônjuges, respeitando regras, dormindo no horário adequado, não faltando às aulas, escovando dentes após as refeições, controlando alimentos como chocolates, doces e chicletes acredita que o que permite mais é melhor ou gosta mais da dela.

Quando acaba o final de semana, acontecem situações de conflito, porque toda educação da semana fica desestruturada em apenas dois dias. É necessário um esforço muito grande para que a criança retorne à rotina. Tudo isso pode e deve ser evitado pelos pais conscientes de sua responsabilidade, que devem dialogar sempre, buscando informações sobre como a criança passou durante a semana, se está sendo medicada, se pode tomar sol, sorvete etc.

Quem fica com a criança no final de semana deverá dar continuidade à rotina da semana, claro que com as exceções naturais que acontecem em qualquer sábado, domingo ou feriado.
Se a criança estuda, ambos devem comparecer em reuniões, datas comemorativas e eventos que contribuam para a formação e desenvolvimento dela. Quem irá comparecer à escola não é o ex-marido ou a ex-esposa, mas sim os pais da criança que, conscientes de suas obrigações, precisam ter o mínimo de respeito para juntos obterem informações ou participarem das experiências adquiridas no ambiente escolar.

O melhor que os pais podem fazer é continuar sendo pais e não mais marido e mulher. Eles podem não ter tido êxito no casamento, mas poderão ser bem sucedidos no desempenho do verdadeiro papel de pai e mãe.

O comportamento da criança é, basicamente, afetivo e irracional. Ela sente as coisas e não pensa sobre elas. A personalidade externa ainda não está plenamente integrada; o amor primitivo tem uma finalidade destrutiva, e a criança não aprendeu ainda a tolerar e dominar seus instintos. Ela poderá controlar tudo isso e muito mais se o ambiente for estável, pois precisa viver num círculo de amor, força e estabilidade. O bom exemplo já é meio caminho para a felicidade da futura vida conjugal da criança. É importante que os pais saibam mostrar à criança que continuam amigos e a separação não os impede de amarem cada vez mais o filho.

Vale registrar também aqui a separação por morte e também a questão particular das mães solteiras.

Ter um filho como produção independente é um assunto polêmico por natureza. Nosso objetivo não é julgar ou condenar essa opção. Temos sim a responsabilidade de sugerir a melhor maneira de esclarecer à criança os fatos reais de sua vida. Já vivenciamos situações em que a criança tinha quatro anos (primeiro ano na escola) e a mãe nunca havia falado sobre o assunto PAI. Quando questionada sobre o que falaria a seu filho na festa do Dia dos Pais, a mãe confessou: "não sei o que dizer nem como tocar nesse assunto!"

Casos como esse colocam a escola em uma situação muito delicada, pois o educador precisa sempre agir com muita cautela. Nem sempre a mãe está preparada para contar toda a verdade à criança, por uma série de razões que entendemos, mas que, acreditamos, não justifica a omissão.
No caso específico, sugerimos que a verdade fosse esclarecida da maneira mais simples possível.

A partir da revelação, a mãe deveria responder somente as dúvidas da criança. Ex.: "Filha, hoje eu vou lhe contar um segredo: algum tempo atrás, a mamãe conheceu uma pessoa (falar o nome dele) e com ela manteve um relacionamento. Durante esse relacionamento, a mamãe ficou grávida, mas a relação, o diálogo ou a nossa união já não estava dando tão certo, como imaginávamos que seria.

Portanto, a mamãe optou por cuidar de você sozinha e nunca mais viu essa pessoa que é o seu pai... Você está entendendo o que eu estou lhe dizendo? Quer perguntar alguma coisa sobre ele?" Estender o assunto, justificando passo a passo o porquê de ter ocultado a verdade, não vai aliviar os possíveis sentimentos confusos que a criança apresentará.

Ter paciência e aguardar um bombardeio de perguntas que provavelmente irá acontecer é um fato que deve ser encarado com muita naturalidade. Não se desvie do assunto quando a criança desejar respostas, que evidentemente você só as dará se souber. De preferência, pare tudo o que estiver fazendo, olhe nos olhos da criança e converse com ela esclarecendo que algumas questões poderão ficar sem respostas. Ex.: "Onde está o meu pai agora?" "Qual o endereço dele?"

Se a mãe optou por uma produção independente ou simplesmente perdeu o contato com o pai da criança há muito tempo, não conseguirá aliviar, a princípio, o sentimento de insegurança que a ausência de resposta causará. Também não é hora para culpas e desesperos (Por que eu não falei antes? Ah! se eu soubesse...).

Diga à criança: "A mamãe não sabe onde o seu pai está agora, nem sei o endereço dele. Quando a nossa união não deu certo ou quando a mamãe decidiu tomar conta de você, a mamãe já sabia que não teria o endereço do seu pai. A mamãe não brigou com ele, a mamãe só quis cuidar de você sozinha. Você está triste por isso?

Você quer falar alguma coisa para a mamãe? Você quer chorar?"

Se você estava consciente de que a produção independente era o que você queria, não dê a impressão à criança de que existiu algo mais, que tudo era maravilhoso. A VERDADE SEMPRE, por mais dura que possa parecer, é o melhor. Claro que aspectos como entonação de voz, o momento e o Iugar são primordiais para evitarmos qualquer trauma. Não é hora para falar sobre particularidades do pai, principalmente se não forem positivas. Afirmações do tipo "Deixei ele mesmo, porque me tratava mal" não vão contribuir para a maturidade da criança. O alívio, a sensação de bem-estar provocada pelo esclarecimento da verdade só vai fazer bem.

E quanto mais cedo melhor, porque a criança cresce sabendo da verdade e sabe que a mãe foi verdadeira. À medida que se desenvolve, as perguntas sobre o assunto poderão ser cada vez mais elaboradas, mas nunca carregadas de um sentimento de desconfiança, de cobrança. Em roda com os amigos, a questão PAI provavelmente fluirá de forma mais tranqüila e segura.
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Aurélio Bolsanello (médico e psicólogo) afirma: "A idade da criança, na época em que o pai ou a mãe se ausentam do lar, é importante. As fixações, liquidações e identificações pelas quais a criança precisa passar, e que constituem etapas necessárias para o desenvolvimento de sua personalidade, estão intimamente vinculadas às figuras parentais, ou seja, os pais.

O desaparecimento do pai é menos grave nos primeiros anos e mais nocivo a partir dos dois anos de idade, pois o sentimento da criança em relação ao pai constitui ingrediente necessário às forças complexas que contribuem à formação de seu caráter e de sua personalidade. Assim como a mãe representa na família o amor, o pai é para a criança o protótipo da autoridade. As crianças sentem se mais seguras, protegidas e, portanto, mais felizes quando submetidas a uma autoridade, baseada logicamente na justiça."

A mãe que cria o filho sozinha incorre geralmente num desses extremos: ou mima
exageradamente, tentando compensá-lo pela perda do pai, ou age com severidade excessiva para substituir o pai ausente. Nenhum dos dois extremos é bom, pois se a autoridade é exercida com demasiada brandura, dificilmente a criança poderá aprender a ter o comportamento e a seguir as normas de conduta que a sociedade exige ou espera.

Aquele que foi sufocado por excesso de autoridade geralmente reage com rancor, hostilidade e revolta, ou com extrema docilidade e submissão. Temos ainda a ausência de identificação, pois é necessário oferecer ao filho uma imagem para que possa aceitar plenamente a virilidade que o pai simboliza. Na ausência real do pai, um ou outro familiar, professor, ou figura representativa do sexo masculino poderá ajudar bastante. A criança que pertence a um lar que foi "destruído" se sente diferente, objeto de curiosidade e alvo de comentários de outras crianças, sempre curiosas por essa realidade.

Se a criança vier a ouvir da mãe ou de outra pessoa da família que o pai não gostava dela e que por isso a abandonou, aos poucos adquirirá sentimentos de inferioridade, acreditando que é por seu pouco valor que o pai se separou da mãe.

Se a mãe, tentando amenizar o "problema", alegar que se separou do esposo porque não se davam bem, a criança poderá desenvolver um sentimento de angústia e pensar que se ela não se comportar de acordo com as expectativas da mãe, esta poderá abandoná-la, assim como fez com o pai.

Quando a separação ocorre pouco depois do filho nascer, este poderá pensar que os pais se separaram por sua causa, podendo desenvolver sentimento de culpa e até comportamento agressivo. A mãe ou o pai tem obrigação de esclarecer, da maneira mais neutra e menos traumática possível, os verdadeiros motivos da separação.

Em maio de 1998, uma edição especial sobre o divórcio da revista Veja consultou alguns profissionais sobre o assunto. Eles esclareceram que, para crianças surpreendidas por uma notícia inesperada, o fim do casamento dos pais representa um dos períodos mais difíceis de suas vidas, mesmo que esta tenha sido a melhor solução para desavenças incontornáveis.

Os filhos passam a conviver sem a presença constante de um dos pais (normalmente o pai) e têm de lidar com situações desconhecidas e muitas vezes traumáticas, como ter duas casas para dormir, trocar de escola, amigos, mudar de bairro etc. Podem ainda ser submetidos a uma nova provação: adaptar-se a uma nova família. Fica cada vez mais comum morar com mãe e padrasto, pai e madrasta e meio-irmãos. Pelas características, essas novas famílias são chamadas por psicólogos e psiquiatras de famílias mosaicos ou reconstituídas.

Eles acreditam que elas são um grande avanço, pois são relações familiares mais honestas, porém, ainda permanecem intrigados sobre até que ponto esse tipo de família interfere na formação das crianças.

Alguns profissionais observam que a separação é sempre muito arriscada. "Até os cinco anos de idade, a criança pode sofrer com a separação, porque fica muito dependente e estabelece trocas somente com figuras próximas" - diz o psiquiatra infantil Alfredo Castro Neto, do Rio de Janeiro. Outros lembram que as novas uniões podem ser muito úteis para compensar os efeitos da separação. "Nas famílias reconstituídas, predomina a solidariedade entre os filhos por causa dos problemas semelhantes vividos e da idade geracional", afirma o psiquiatra Antônio Mourão Cavalcante, do Ceará.

Na verdade, não se pode concluir nada em definitivo sobre um tema tão complexo como esse. O estresse da separação faz com que os primeiros anos dessas novas famílias sejam os mais conturbados, pois pode acontecer de as crianças se tornarem menos amáveis, desorientadas, inibidas, um pouco agressivas, com conflitos de ordem emocional e /ou educacional.

As atitudes ou respostas que elas darão a essa nova situação, superando-a ou não, dependem da harmonia e qualidade da relação que manterão com os pais e da habilidade de que os pais precisarão para lidar com as inseguranças e "dificuldades" dos filhos.

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mordidas

Depois dos seis meses, os primeiros dentinhos começam a nascer. A coceira e a pressão na gengiva deixam o bebê bastante incomodado, exigindo da mãe e/ou responsáveis muita paciência e atenção. É comum a criança morder o queixo da mãe, tentando amenizar o desconforto. Esse comportamento faz parte do seu desenvolvimento.

Quando os dentes já estiverem formados, por volta dos dois anos, essa necessidade deixa de existir.

Crianças entre um e dois anos estão sujeitas a passar por essa fase de mordidas, que é um comportamentopassageiro, e na maioria das vezes uma manifestação natural da agressividade, geralmente a primeira delas. Crianças que mordem, brigam e trocam tapas entre si costumam preocupar bastante os pais. Sabemos que a situação não é fácil, mas sempre existe solução, que evidentemente começa em casa.

A criança que morde um colega está, na verdade, extravasando uma emoção que desejaria dirigir contra outra pessoa, diante da qual está se sentindo indefesa (amiguinho, professor, irmão mais velho) ou procura uma forma de lidar com a frustração. A mordida funciona como uma maneira satisfatória da criança dizer que não é mais um bebê indefeso.

Persistir no erro comum de devolver a mordida, para que a criança saiba avaliar o quanto doeu, freqüentemente tem um efeito contrário, pois a criança pode se tornar mais agressiva. O diálogo franco é mais eficiente, possibilitando saber o que a criança está sentindo, esclarecer que não é correto ferir as pessoas, demonstrar compreensão, mostrar na prática como age quando fica com raiva: batendo palmas com força, pulando, dançando etc.

Pode parecer que a criança, principalmente a menor de três anos, não irá entender, mas com certeza estará assimilando tudo que o adulto disser e aceitará as atitudes. O contato corporal é muito importante. Abraçando a criança com mais freqüência, você estará elevando sua auto-estima.

Tentar descobrir a origem do "problema" é a primeira atitude a ser tomada, pois pode ter causas orgânicas, emocionais ou ambas. Daí a necessidade de permanecermos atentos ao comportamento e às mudanças de humor. A criança pode ser hiperativa, não conseguindo controlar sua atenção numa única atividade, fazendo várias coisas são mesmo tempo, machucando se ou quebrando objetos a sua volta.

Para confirmar ou descartar a síndrome da hiperatividade, a criança deverá ser submetida a exames, pois pode ter se tornado hiperativa em função do meio em que vive (ansiedade e super proteção dos pais) e no caso de situações mais complexas, devido a problemas neurológicos.
Muitas crianças agressivas agem desse modo porque os adultos, inconscientemente, satisfazem todas as vontades da criança, incentivando esse comportamento.

A questão do limite não foi definida pela família e as crianças não aprenderam a respeitar os outros, acreditando que seus desejos e necessidades são mais importantes. São os casos típicos de crianças que agridem, batem, mordem sem cerimônia, pois os responsáveis não interferem, deixando que a agressão prossiga. Justificam a atitude com a frase: meu filho é impossível
Nessa situação, há total ausência de limites e de uma boa educação.

É natural que os filhos testem a autoridade e paciência dos pais e/ou responsáveis, em alguns casos até para chamar a atenção, mas os pais não devem se esquecer de permanecerem atentos ao comportamento da criança e a tudo que ocorre a sua volta, pois quem não sabe impor limites precisa repensar seus valores.

Por vezes nos questionamos: existem crianças más? A psicóloga Ana Gray esclarece que, embora não seja comum, há crianças que nascem com a tendência de praticar maldade. Essa característica está presente em seu código genético e, dependendo do meio em que as crianças são criadas, o comportamento pode ou não ser estimulado. Crianças com essas características costumam maltratar animais ou fazer brincadeiras perversas com os colegas, que machucam ou magoam de verdade.

Nesses casos, é necessária a intervenção de um psicólogo e da família, sensibilizando a criança a canalizar suas energias para outras atividades como brincadeiras, esporte, contato com a natureza, mostrando que não existe prazer em provocar dor nas pessoas e nos animais. Não existem receitas prontas para se tratar uma criança agressiva.

Amor, carinho, compreensão, ajuda de profissionais, sensibilidade e bom senso da família podem ajudar a devolver a tranqüilidade, equilíbrio e maturidade para que a criança cresça segura e feliz.

Muitas criança agressivas agem desse modo porque os adultos, inconscientemente, satisfazem todas as necessidades da criança, incentivando esse comportamento.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Agressividade

A agressividade é um " comportamento inesperado" que preocupa pais, educadores e a sociedade de modo geral. É tão complexo e com diferentes variáveis que seria muita pretensão querer esclarecê-lo de forma completa, satisfazendo a necessidade de todos os leitores.

O que pode ficar registrado, antes de qualquer explicação mais detalhada, é que um comportamento agressivo é construído nas relações e interações como ambiente. Quando um bebê nasce, é comum nos com a seguinte indagação: com quem ele se parece? Aparência não está bem definida e as características estas aparecem no decorrer do caminho.

Não se pode afirmar que as crianças crescem de acordo com um padrão biológico genético, nem que são os adultos que moldam a sua personalidade, porque na verdade já descobrimos que temos alguns comportamentos inatos e outros aprendidos.

Com base em anos de pesquisa, psicólogos mapearam nove categorias de comportamentos influenciados pelo temperamento, que o Dr. Peter A. Gorski, do Pampers Institute, descreve da seguinte maneira: temperamentos podem ser classificados pelos tipos superior, médio ou inferior, mas nenhum é considerado necessariamente bom ou mau.

O temperamento pode ser definido como a reação que cada pessoa apresenta diante das situações da vida. Esta reação é única em cada indivíduo. A parte inata da personalidade, determinada pelos genes, é o temperamento. O temperamento não está ligado à inteligência.

Cada pessoa, independentemente da idade, nível de inteligência e nível de capacidade física, possui uma tendência natural para responder a estímulos em graus variados, o que se refletirá no temperamento. Daí a importância da combinação entre temperamento da pessoa e seu ambiente físico e social.

Nível de atividade
Agitado ou tranqüilo: algumas pessoas estão sempre calmas, enquanto outras parecem estar em constante agitação.

Humor
Um copo metade vazio ou metade cheio: algumas pessoas nascem otimistas, outras nunca vêem o lado positivo das situações.

Reações
Pavio curto ou tranqüilo: algumas pessoas explodem ou ficam inconsoláveis diante de um problema. Quando tudo corre bem, não há controle da empolgação. Outros já reagem ao mundo com menos intensidade, em situações agradáveis ou não.

Ritmo
Metódico ou não: apresentam variação na regularidade, previsibilidade e consistência nos hábitos pessoais. Extrovertida ou introvertida Primeiras impressões: há pessoas que são mais interessadas do que outras em fazer novas amizades, viajar, realizar novas atividades.

Adaptabilidade
Surpreso ou chocado: mudanças podem deixar algumas pessoas desnorteadas e outras mais cautelosas.

Sensibilidade auditiva
Música ou barulho: algumas pessoas parecem ser mais sensíveis ou menos tolerantes a sons muito altos, barulheira ou outros estímulos auditivos.

Atenção ou persistência
Desiste facilmente ou vai fundo: algumas pessoas se envolvem em um projeto ou idéias e se empenham até o fim, outras desistem mais facilmente quando se deparam com obstáculos.

Capacidade de se distrair facilmente
No mundo da lua: algumas pessoas precisam de paz e silêncio para trabalhar, pois se distraem facilmente. Outras conseguem ignorar as interferências e dar prosseguimento a uma tarefa sem grandes problemas.

O temperamento do bebê
Procurar ter em mente que o temperamento da criança é único ajuda a respeitá-la como indivíduo. Conhecendo e compreendendo o temperamento da criança, a convivência é harmoniosa, pois com a assistência dos pais a criança aprende a viver em sociedade.

Dessa forma, ela crescerá mais confiante em si mesma, alcançando sucesso e felicidade, principalmente se tiver oportunidade de brincar, trabalhar e viver da sua maneira. Há crianças que desde bem pequenas agridem outras crianças, até maiores, no playground; enfrentam a autoridade dos pais; quando ingressam na escola, não se concentram em nada; gritam, esperneiam por qualquer motivo ou sem motivo, na rua, na escola ou em qualquer lugar; têm crises temperamentais, jogam para longe peças de jogos que não conseguem montar, não querem comer na hora adequada, recusam alimentos e jogam-nos no chão etc.

Quando um adulto, pai ou educador, diante de situações como as descritas, afirmam que a criança é muito difícil, não devem esquecer que criança é muito mais esperta do que aparenta ser e que pode tirar proveito disso. Quando uma criança bate nos pais, não se deve devolver a agressão nem ignorar esse tipo de comportamento. Deve-se dizer com firmeza "Não pode bater".

A agressão desse tipo, principalmente em crianças bem pequenas, mostra que elas estão sobrecarregadas. Só os pais podem dar a oportunidade para que elas se controlem. É importante abraçar a criança, acalmando-a, evitando que ela bata em outras pessoas.

Sempre que perceber que a criança está ficando irritada, é importante distrai la. Crianças nessa fase pensam de maneira bem egocêntrica - tudo gira em tomo delas, e acreditam ser o centro do universo - o que não é egoísmo, mas apenas uma visão limitada do mundo. Recompensar positivamente um comportamento adequado (sem chantagens) é melhor do que repreensões constantes por mau comportamento.

Também pode ser que essas atitudes sejam um reflexo do que está se passando ao redor dela, como algum tipo de mudança no ambiente familiar. Pai e mãe, juntos, devem ter todo cuidado ao educar um filho: começar, desde muito cedo, a implantar regras de comportamento, não como imposição, mas como um processo natural.

A criança deve aprender, ainda bem pequena, até aonde vão seus limites, que existem horários estabelecidos para tudo e que o NÃO deve ser respeitado. Aos pais também cabe aprender até aonde vão os limites de autoridade. Eles precisam respeitar as limitações da criança.

Exigir determinados comportamentos sem que a criança esteja tranqüila, querendo que ela cante, repita frases, conte piadinhas (...) ou simplesmente participe de situações sociais, quando na verdade o que deseja é uma sopinha quente ou uma caminha macia, são situações que não devem acontecer.

Atitudes assim podem desencadear acessos de raiva, pois ás crianças sentem-se frustradas, o que é muito comum. Com o desenvolvimento da linguagem, os acessos diminuem, pois a criança aprende a expressar seus sentimentos. A melhor abordagem de disciplina para crianças bem pequenas é o controle do ambiente.

É importante que as crianças toquem todos os tipos de coisas. Só assim elas vão aprender. É evidente que os cuidados para que a criança não se machuque nem quebre algo de valor são necessários, pois discurso não funciona com elas. Caso os pais não queiram que a criança mexa em algo, simplesmente devem retirar o objeto, colocando o longe do alcance dela. A estratégia dos pais ou educadores vai mudando à medida que a criança amadurece e consegue entender as conseqüências de seus atos.

Mesmo porque disciplinar significa ensinar e não castigar. Por volta dos três anos, três anos e meio, é bastante comum as crianças apresentarem condutas agressivas em relação aos adultos e às outras crianças, com mordidas, empurrões, chutes etc. Nessa fase, podemos afirmar que essa agressividade é essencialmente manipulativa, ou seja, a criança agride os outros para alcançar determinados interesses, por exemplo: para ganhar um brinquedo, para se defender durante a disputa por um objeto, pela atenção exclusiva da educadora ou simplesmente para ser o primeiro da fila. Esse tipo de conduta é a maneira que a criança encontra para controlar o ambiente e satisfazer suas necessidades.

Podemos dizer que a agressividade não é algo próprio da natureza das crianças e sim um tipo de comportamento que tem uma função no desenvolvimento delas. A agressividade não desaparece de uma hora para outra, como num passe de mágica. A criança aprende com os adultos que existem outras formas de se defender e obter aquilo que lhe interessa.

Quando os pais ou educadores esclarecem à criança que não é necessário tirar dos colegas os brinquedos, mas que é possível pedir para brincar com eles ou chegar a um acordo sobre como dividi-los, estão ensinando sobre as ESTRATÉGIAS SOCIAIS, que podem substituir naturalmente condutas agressivas.

Se essas estratégias se mostram eficazes, gradualmente a criança aprende a negociar. Se a família e/ou escolha valorizam e incentivam essas atitudes, aos poucos a conduta agressiva ameniza-se e passa a ser menos freqüente que as outras formas de controlar o ambiente. As brigas e as disputas violentas vão se tornando menos freqüentes com o passar do tempo e eventualmente irão acontecer em situações extremas, como num caso de ofensa muito grave.

Podemos dizer que a agressividade não é algo próprio da natureza das crianças e sim um tipo de comportamento que tem uma função no desenvolvimento delas. Assim como a criança aprendeu determinado tipo de comportamento (bater num colega, porque observou essa atitude em outras pessoas) ela pode substituí-lo por outras condutas.

Quando condutas agressivas tornam-se um padrão freqüente de comportamento e persistem com o tempo, é necessário verificar os motivos e rever o histórico da criança. Juntos, família, escola e demais profissionais envolvidos vão encontrar uma forma de lidar com essas condutas, estimulando a interação e o convívio social, evitan do que esses comportamentos possam se transformar em um "problema" mais sério na adolescência e na vida.

Antes de "rotular" uma criança como "agressiva", é preciso pensar: será que a educação que ela vem recebendo não é responsável por essas atuais condutas? Até que ponto o temperamento pode justificar tanta rebeldia? Esses comportamentos apresentados são próprios dessa idade? A criança está bem adaptada à escola? Nasceu um (a) irmãozinho(a)? O casal discute com freqüência na frente dela? O(A) educador(a) é autoritário (a) ? Quando nos recordamos dos tempos de correções excessivas, ditadas pela mentalidade violenta e autoritária que dominava a pedagogia de uma época, costumamos nos questionar: será que saímos do autoritarismo traumatizante para viver na tolerância excessiva no que diz respeito à educação de forma geral? Perdemos a consciência de limites? Hesitamos em fazer valer sobre os filhos a autoridade? Temos medo de sermos rejeitados por nossos filhos? A figura paterna está em segundo plano? Filhos não possuem referencial masculino? A palavra de ordem é permissividade? Em que estou errando?

Fazendo um pequeno esforço, é possível nos lembrarmos de histórias sobre a falta de autoridade dos pais em relação aos filhos: crianças que batem nos pais, exigem brinquedos ou alimentos no horário e local de sua escolha, fazem o que têm vontade, xingam os pais e usam e abusam da chantagem. Há uma série de condutas dos pais que podem ser chamadas de "condutas de risco" para o desenvolvimento de padrões agressivos de comportamento nos filhos.

Uma dessas condutas é quando os pais rejeitam a criança, deixando evidente que ela não foi planejada, nem esperada; não é amada ou que ninguém se importa por algo que possa lhe acontecer. Outra conduta é a inconsistência na forma de colocar limites: os pais são permissivos demais, deixando que a criança faça tudo que deseja e, em outras ocasiões, apresentam-se autoritários, inflexíveis, fazendo uso de punições.

A criança sente-se confusa, insegura, impossibilitada de perceber o que é ou não aceitável. Também encontramos alguns pais que estimulam a conduta agressiva, principalmente para resolução de conflitos. Às vezes, a distorção de opiniões ocorre na fase pré-escolar, pois a escola segue uma linha de pensamento e a família outra.

Isso pode trazer conseqüências desagradáveis para a criança. Crianças que assistem a cenas violentas ou são vítimas da violência dos pais podem acreditar que essas atitudes são aceitáveis, julgando tais ações como naturais para lidar com frustração, raiva ou insegurança. Na verdade, toda a violência pode exercer uma influência decisiva no comportamento da criança.

Um educador autoritário, que estimule a rivalidade; que exponha a criança à turma ou a outros educadores diante de qualquer incidente; que compara atitudes, evidenciando pontos positivos de uns e ressaltando pontos negativos de outros pode também gerar ansiedade, insegurança, rebeldia e conflitos de relação entre grupos. Acontecem situações em que o educador não está seguro para lidar com agressividade, o que é natural e aceitável, porque, na verdade, quem está preparado para ser agredido?

O pai, a mãe e o educador sabem que é possível vivenciar atitudes agressivas, mas nunca esperam que possam fazer parte do histórico de seu filho ou aluno, principalmente nessa fase, como temos constatado. A criança envolvida pode adotar uma atitude de defesa, sentindo-se cada vez mais frustrada por não conseguir o apoio de alguém que poderia ajudá-la e torna-se até mais agressiva.

A violência também é uma preocupação constante entre pais e educadores. Márcio Schiavo, consultor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef coordenou uma pesquisa em que buscava esclarecer o conteúdo dos games preferidos pelas crianças (videogames) ) e o resultado foi preocupante: a maioria dos games faz com que a criança assuma o papel de matador. Muitos defensores desses jogos afirmam que brincadeiras violentas sempre existiram. É preciso deixar claro, porém, que por vezes a criança nem está jogando, apenas acompanhando um adulto ou irmão que se trancam no quarto por horas e chegam a "matar" 400 pessoas.

Quanto mais "matam", mais se destacam como "heróis". Alguns pais chegam a afirmar, em campanhas de desarmamento, que não é o objeto arma que faz com que a criança fique violenta. Concordamos com isso, pois no jogo simbólico a criança se utiliza de um pedaço de madeira, uma peça de um jogo, os dedos polegar e indicador para representar um revólver, simbolizando-o com uma diversidade de objetos.

No entanto, o principal problema é o desenvolvimento do conceito de agressividade sem conseqüências, ou melhor, o conceito de agressão recompensada. Além de não existir por parte dos pais (com raríssimas exceções) nenhuma restrição quanto ao hábito de jogar, seja em relação ao tempo, à freqüência ou ao gênero escolhido, a criança pequena, que ainda não domina o game e admira o irmão, o pai, o tio, vivencia a experiência, acha natural toda exposição à violência.

Devemos educar os filhos para o videogame, assim como os educamos para o computador e a televisão, que também mostra cenas violentas com freqüência, ultimamente as narrativas de seqüestros que acontecem a todo instante em nosso país. A criança precisa estar ciente dos valores de sua família, mesmo porque uma criança, que está em constante desenvolvimento, não pode passar tantas horas em frente a um jogo, em posições geralmente inadequadas à sua postura.

Necessita sim, correr, conversar, brincar, pedalar, jogar bola, atividades que possibilitam novas e significativas experiências. Educar é uma missão complicada, que incorre em erros e acertos, mas vale a pena tentar e insistir, pois a criança percebe o empenho da família e vai superando mais rápido algumas fases críticas de sua vida. Crianças que assistem a cenas violentas ou são vítimas da violência dos pais podem acreditar que essas atitudes são aceitáveis (...)

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