domingo, 21 de março de 2010

A primeira Escola e a Adaptação - parte 2

Estudos desenvolvidos na Creche Carochinha, da USP de Ribeirão Preto, que existe há 10 anos e atende às famílias que têm vínculo de trabalho ou estudam na Universidade, têm como objetivos específicos:

. Investigar como o adulto (familiar ou educador) em suas interações com a criança, apresenta e significa as novas experiências na creche. Como ele a integra ao novo ambiente, aos novos objetos e pessoas, incluindo as outras crianças. Que significado atribui à ausência da mãe e familiares, ao fato de a mãe não se responsabilizar pelos cuidados do filho e à presença de outros adultos que cuidarão da criança no período de ausência da mãe; . Investigar longitudinalmente a construção das relações e o estabelecimento de vínculos entre a criança e os educadores e entre a criança e outras crianças do berçário e do mini grupo;

. Investigar a construção e desenvolvimento de relações entre a mãe, o pai e outros familiares com os educadores de seus filhos e com a creche, buscando verificar sua influência sobre as reações da criança durante o processo de adaptação;

. Analisar eventuais alterações no estado de saúde das crianças e em seus hábitos alimentares, de sono e eliminação durante o processo de adaptação como uma possível resposta ao estresse causado pela separação dos familiares e por um ambiente e uma rotina novos que têm de enfrentar.

A creche Carochinha, compreendendo a necessidade de que o processo de adaptação ocorra da forma mais adequada possível para a criança e a sua família, permanece investindo em pesquisas, esperando que as investigações e projetos futuros possam contribuir para o trabalho de formação do educador.

O Censo Escolar de 2001 revelou que as matrículas em creches cresceram 19,2% e na pré escola, 8,9%. Cerca de 6 milhões de crianças de zero a seis anos têm acesso a educação infantil. Cerca de um milhão estão em creches. Ainda assim, o ensino infantil atende menos de um terço das crianças dessa faixa etária.

Até 1988, o atendimento a crianças de zero a seis anos era considerado assistência social. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 colocou esse nível de ensino como parte da educação básica no Brasil, estabelecendo sua divisão entre creches (crianças de zero a três anos) e pré-escolas (crianças de quatro a seis anos). A lei também determina a transferência da educação infantil pública dos estados para os municípios.

Estudos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) indicam que a educação infantil, embora não seja obrigatória, proporciona melhor rendimento nos primeiros anos do ensino fundamental, diminuindo índices de repetência e evasão - problemas que atingem principalmente as famílias mais pobres, em que os pais têm baixo nível de instrução e a criança não encontra em casa materiais que a estimulem (ornais, revistas ou brinquedos).

Em setembro de 2001, o MEC divulgou os resultados preliminares do primeiro censo realizado exclusivamente entre as instituições de educação infantil e considerou também pesquisas realizadas em escolas clandestinas. Os primeiros resultados mostram que a maioria dos municípios brasileiros mantém escolas de educação infantil: 72% possuem creche e 98% têm pré-escola. A Região Sul têm o maior índice de atendimento pré-escolar (99%).

O maior índice de atendimento em creches está no Sudeste (78% ). Do total das escolas, apenas 14% oferecem oficinas de arte e 17% possuem sala de música. Das creches, 9% têm enfermaria à disposição dos alunos, 24% possuem fraldário e 15%, lactário.

O censo mostra também que a maioria das escolas do país (77%) consultou, ao menos uma vez, os Referenciais Curriculares Nacionais elaborados e distribuídos pelo MEC, um guia de reflexão sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam na educação infantil de zero a seis anos. Sua utilização chega a 86% nos estabelecimentos com mais de 100 alunos. No Norte e Nordeste, onde a proporção é relativamente menor, os referenciais são usados por 7% das instituições.

Mais de 10 mil escolas infantis são filantrópicas ou comunitárias. Dessas, 7 mil possuem voluntários em cargos de direção. Cerca de 4 mil estabelecimentos contam com voluntários no apoio operacional.

Com o objetivo de melhorar a qualidade da educação infantil, a Câmara de Educação Básica fixou no ano 2000 normas para o funcionamento de creches e pré-escolas. Os municípios são obrigados a fiscalizar periodicamente esses estabelecimentos, que, com base nessa avaliação, podem ser descredenciados. Foi estabelecida a obrigatoriedade de diploma de nível médio para professores e pelo menos o ensino fundamental completo para outros profissionais, como cozinheiros, porteiros e faxineiros.

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