terça-feira, 30 de março de 2010

Desmame e alimentação - parte 1

O bebê não consegue ainda aceitar a existência de uma mãe da fase tranqüila e de uma mãe que pode ser usada e atacada durante suas fases excitadas ou de clímax pulsional.

Como a licença-maternidade termina no quarto mês, a maioria dos bebês deixa de se alimentar somente no peito, passando para um outro tipo de dieta. Chega então ou inicia-se o processo do desmame, tarefa nada fácil. A idade do desmame varia de cultura para cultura, mas dentro da teoria de D. W. Winnicott,ocorre quando o bebê se torna capaz de brincar, de deixar cair coisas (mais ou menos aos cinco meses e meio).

"No desmame, a finalidade é realmente usar a crescente capacidade da criança para livrar-se das coisas e fazer com que a perda do seio materno não seja apenas uma questão do acaso... O bebê que foi alimentado com êxito se sente feliz por ser desmamado no devido tempo, especialmente quando isso é acompanhado pela vasta ampliação do seu campo de experiências" (Winnicott, 1975).

Na época do desmame, aparece a "posição depressiva" como evidência do crescimento pessoal que se fortifica gradualmente, graças a um meio ambiente suficientemente bom e contínuo. Para tal, é que o bebê tenha se estabelecido como uma pessoa que se relacione como pessoa total e com pessoas (seio, corpo da mãe etc.). Winnicott sugere essa como um "estágio de preocupação": o bebê começa a preocupar quanto aos resultados do amor pulsional, é, preocupação como um estágio de remorso, culpa.

Bebê não consegue ainda aceitar a existência de da fase tranqüila e de uma mãe que pode ser usada atacada durante suas fases excitadas ou de pulsional. Não faz distinção entre fato e fantasia, tampouco ocorre a integração desta clivagem na sua mente por intermédio de uma "mãe suficientemente boa" e de sobrevivência dela por um período de tempo contínuo.

A criança saudável terá sempre uma fonte de sentimento de culpa como prova dessa junção em sua mente. Portanto, não é necessário ensinar - lhe o que é certo ou errado, lembrando que cada criança tem um potencial para o desenvolvimento do sentimento de culpa. O bebê percebe que a mãe que ele ataca e odeia é a mesma que ele ama e cuida.

A preocupação da criança se torna tolerável por saber que, com o tempo, pode fazer alguma coisa pela mãe, por ela ora atacada (reparação). A pulsão se torna mais livre e os riscos podem ser mais tolerados. A destruição torna necessária a reparação.

Existem diversas linhas sobre nutrição infantil, mas todas estão de acordo que o leite materno é a forma mais saudável de alimentação. É aconselhável que a instituição de educação que atende essa faixa etária incentive e auxilie as mães nessa prática, acolhendo-as, dando-lhes informações, propiciando inclusive um local adequado para que possam amamentar o bebê se desejarem e puderem.

Os bebês que são amamentados exclusivamente ao peito seguem esquemas diferentes de introdução de alimentos como sucos, frutas, papinhas, diferentes daqueles que já recebem leite de outra espécie. Vale lembrar que há crianças com dietas especiais como leite de cabra, soja etc. que necessitam de atenção redobrada dos profissionais responsáveis.

Dependendo da atitude da mãe em relação à criança, o desmame será tranqüilo ou não.
Quando bebês menores de seis meses freqüentam berçário ou creche, já foram desmamados ou estão em processo de desmame. É necessária a supervisão por um profissional de saúde com relação aos possíveis substitutos do leite materno.

As mamadeiras devem ser sempre oferecidas com o bebê no colo, bem recostado, o que propicia contato corporal, troca de olhares e expressões faciais entre o adulto e a criança. Recomenda-se que seja sempre o mesmo adulto ou profissional responsável pelo berçário ou creche que alimente e cuide dos bebês, pois o vínculo afetivo é fundamental para o desenvolvimento da criança.

Se o bebê demonstrar interesse em mamar sozinho e apresentar condições motoras para isso, é importante providenciar um local para que ele possa apoiar-se, evitando que tome a mamadeira em posição horizontal, o que pode aumentar o risco de acidentes (engasgamento) e otites (infecções de ouvido). A criança que busca essa independência de alimentar-se sozinha poderá, em alguns momentos, precisar de aconchego, colo e carinho. As educadoras deverão permanecer atentas a essas necessidades.

De acordo com hábitos regionais e o desenvolvimento da criança, alimentos diferentes do leite serão introduzidos na dieta alimentar. O adulto ou educador pode permitir que novas experiências e aquisições aconteçam no ato de se alimentar, pois gradativamente, a criança que necessitava do auxílio do adulto para alimentar-se sente a necessidade de segurar a colher, pegar alimentos com os dedos, levando-os até a boca.

Essa independência é muito importante para o desenvolvimento. Posteriormente, a criança domina o uso de talheres, toma líquidos na caneca, compartilha o lanche e algumas refeições à mesa com os amigos, diminuindo o uso da mamadeira.

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