domingo, 21 de fevereiro de 2010

Amigo Imaginário e fantasias

Entre dois e sete anos, é comum as crianças criarem um personagem invisível. Nessa fase, elas atingiram um certo desenvolvimento intelectual, mas não passaram completamente para o mundo concreto. O mundo real ainda é muito complexo para a criança, por isso ela cria seu mundo, onde tudo pode acontecer e nada fica sem resolução. Nesse mundo existem fadas, monstros e super-heróis que contribuem sensivelmente para o desenvolvimento.

Se tal mundo não fosse criado pela criança, ela não teria coragem para resolver as novas experiências que certamente lhe causam temor, nem poderia enfrentar seus mais íntimos conflitos, como medo de escuro, do trovão, de fogos, do vento, de ficar longe dos pais etc. É a fantasia que lhe permite acreditar que também tem poder, mas é necessário muito cuidado, pois a criança pode se sentir o próprio herói, realizando atos perigosos que podem comprometer sua integridade física.
Portanto, os cuidados devem ser redobrados.

Pais que se preocupam com a influência de monstros e a possível violência dos desenhos mais modernos devem manter a calma, pois os pequenos se identificam com os heróis, que na maioria das vezes são os vitoriosos Essas fantasias servem de equilíbrio para as emoções da criança. EIa aprende a compreender e a respeitar diferentes pontos de vista, o que contribuem para seu desenvolvimento intelectual.

A criatividade e imaginação não sofrem censura: não há regras sociais ditando o que é certo ou errado, permitindo ou proibido no universo particular da criança. Nesse período de transformações e processo de socialização, ela recebe influências de diversos tipos, principalmente dos pais e, depois, dos amiguinhos (sobretudo na escola).

Até que ocorra a transição da fantasia para o concreto, a criança pode inventar algum amiguinho, que pode ser outro amigo, um boneco, animal, ou ursinho que, apesar de invisíveis ou inanimados, ganham vida própria comem, brigam, fazem bagunça, emitem opinião sobre a família.

Os amigos imaginários são capazes de grandes travessuras positivas ou negativas, dependendo é claro de quem analisa a questão. Para algumas crianças, o amigo imaginário é bem real e tem o poder de sujar o banheiro, quebrar pratos, comer sozinho uma barra grande de chocolate.

Ignorar ou desfazer essa figura especial não é uma boa idéia. Com o amigo imaginário, a criança se vê diante da possibilidade de não ter nenhuma de suas ordens ou desejos contestados, pois o amigo é quem fez tudo.

É importante que os pais saibam entender esses momentos, afirmando para a criança: "Olhe, avise o seu amigo que da próxima vez não coma toda a barra de chocolate, pois ele poderá ter uma dor de barriga e vai precisar de ajuda". Dessa forma, a mensagem chega até a criança, que da próxima vez estará mais atenta a esses cuidados.

Confrontar a criança, solicitando explicações mais complexas, não facilita nem resolve o "problema" e a criança poderá ficar confusa. Se os pais optam por aceitar o desafio de adotar o amiguinho, mesmo que temporariamente, precisam participar, observando atentamente o faz-de-conta. Na maioria das vezes, o faz-de-conta é utilizado para extravasar angústias, anseios, carências ou quando a criança sente falta de algo que os pais não estão conseguindo dar, sem ter que se expor aos adultos.

Quando os pais não entendem, cobram e deixam a criança perceber que são contra essa amizade, ela pode se fechar, negando a existência do amigo, vivendo a amizade sempre às escondidas. Mas o amigo imaginário não pode ser uma barreira para que a criança faça amizade com meninos e meninas de carne e osso.

O valor da fantasia é primordial ao desenvolvimento da criança, porém não deve substituir a realidade. Caso essa situação seja excessiva, é importante procurar a ajuda de um especialista, que pode contribuir na solução de algumas necessidades da criança.

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