segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Gestações Gemelares

Ter filhos é uma realização extremamente prazerosa. Quando a gravidez se confirma, imediatamente os planos para o filho começam a se organizar na mente. Mas raramente você realiza um planejamento para a chegada de gêmeos.

Quando o exame de ultra-som se confirma que vem por ai não um, mais dois de uma só vez, a preocupação toma conta de todos. A mãe particularmente fica receosa com relação à capacidade de suprir todas as necessidades intra-uterinas, pois a gestação múltipla requer muitos cuidados, com um acompanhamento rigoroso para a gestante e para os bebês.

As preocupações são naturais, pois você fica confusa sobre o desenvolvimento da gestação. Afinal, os bebês são univitelinos ou bi vitelinos? Outras preocupações são o peso dos bebês, o excesso de peso da gestante, batimentos cardíacos, alimentação etc. As gestações múltiplas, segundo especialistas, aumentam em sete vezes a chance de nascimento prematuro. Em situações como essa, os bebês não possuem todas as funções do organismo desenvolvidas, há maiores possibilidades de alterações congênitas e de retardo de crescimento.

Se no momento da concepção são fecundados dois óvulos diferentes, ambos os zigotos desenvolvem-se no útero de maneira independente, tendo em suas células a metade da informação hereditária da mãe e outra metade do pai. Possuem ainda placentas distintas, podendo nascer uma criança loura e outra morena, com sexos diferentes.

Quando um único zigoto divide-se em dois nos primeiros dias de desenvolvimento, dando origem a dois zigotos com a mesma informação genética em suas células, temos os gêmeos idênticos, do mesmo sexo. Dentre os partos múltiplos, os de trigêmeos são menos freqüentes que os de gêmeos, sendo mais raros ainda os de quadrigêmeos e de quíntuplos.

Um estudo mais complexo de gêmeos foi realizado pelo professor Bernardo Beiguelman, titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (aposentado), professor visitante do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e pesquisador 1-A do CNPq. Em seu livro é possível verificar algumas características importantes, válidas para complementar as informações acima registradas.

Com base nos estudos realizados pelo professor Bernardo, o emprego de técnicas de fertilização assistida para ajudar casais com problemas de esterilidade tem aumentado a freqüência de nascimento de gêmeos não idênticos, pois essas técnicas incluem tratamento que estimula a super-ovulação. No Brasil, somente camadas economicamente mais favorecidas da população têm acesso à fertilização assistida, em razão de seu custo elevado. Assim, é evidente que a freqüência de partos geme lares na população em geral não sofre influência dessa prática.

Nas maternidades que atendem mulheres de camadas sociais mais favorecidas, a freqüência de nascimento de pares não idênticos é altíssima, chegando nos últimos anos à notável incidência de 19,5 por mil partos, quando na maior parte da população esse índice não ultrapassa 5,5 por mil.
Bem mais difícil é o reconhecimento dos fatores que influenciam a gestação de gêmeos idênticos.

A hipótese mais plausível são as alterações da mucosa do endométrio e/ou do epitélio tubário. O uso de anticoncepcionais também é apontado como responsável pelo aumento da incidência de gêmeos idênticos. A predominância de gêmeos idênticos entre mães muito jovens que dão a luz a gêmeos encontraria uma explicação na irregularidade do ciclo menstrual entre elas.

As influências genéticas na indução de predisposição ao nascimento de gêmeos idênticos mostram que mulheres gêmeas têm maior probabilidade de gerar esse tipo de gêmeos, mas a investigação com relação a um efeito paterno semelhante foi negativa. Se existir um componente genético que favorece a divisão do embrião para a produção de gêmeos idênticos, esse componente se expressa nas mães e não nos pais. A fertilização assistida também em fim favorecido o aumento da incidência de gêmeos idênticos, por razões que ainda não estão esclarecidas.

A duração da gestação de gêmeos é menor que a gestação de parto único. Constatou-se que, em média, os gêmeos tiveram idade gestacional de 36.6 semanas, e a idade gestacional dos nascidos de parto único foi de 39,5 semanas, o que dá uma diferença média de três semanas a menos para os partos geme lares (valores semelhantes às estimativas obtidas na Europa).

A duração das gestações únicas é considerada normal quando o nascimento se dá no período entre 37 e 42 semanas completas de amenorréia (ausência de menstruação). São os conhecidos recém-nascidos a termo. Quando esse tempo de gestação é inferior a 37 semanas completas de amenorréia, os recém-nascidos são considerados prematuros ou recém nascidos. Se a gestação for igual ou superior a 42 semanas completas de amenorréia. o recém-nascido será definido como pós –termo.

No Brasil, a proporção de partos geme lares com menos de 37 semanas completas de amenorréia foi de 45%, enquanto nos partos únicos a proporção de prematuros não atingiu 10§io. A proporção de partos a termo entre os gêmeos (37 a 42 semanas) foi de 53%, enquanto entre os partos únicos atingiu 81%. A proporção de pós-maturidade (42 semanas ou mais) entre gêmeos foi de apenas 2%, enquanto nos partos únicos foi de 9,5% (semelhantes às proporções observadas nos Estados Unidos).

Em decorrência do menor tempo médio de gestação, os gêmeos apresentam menor peso e menor estatura ao nascer que os recém-nascidos de parto único. Em estudo recente, pôde-se observar que a estatura média entre os recém-nascidos, distribuídos em duas classes de estatura (menos de 44 cm e com 44 cm ou mais), a proporção de crianças com menos de 44 cm também foi significativamente mais alta nos gêmeos (28%) dos que nos recém-nascidos de parto único (3% ).

A duração da gestação de gêmeos é menor que a gestação de parto único.

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