terça-feira, 30 de março de 2010

Quais métodos os psicólogos contemporâneos usam para identificar crianças superdotadas?

Mentes brilhantes

Como ocorre o desenvolvimento emocional desses pequenos? Veja o que existe de novo nesse campo e o que dizem os pesquisadores sobre os famosos testes de QIPor Roberta de Medeiros
No supermercado, Tânia fala para sua mãe parar de colocar mercadorias no carrinho, pois já havia atingido o limite de R$ 50,00, tudo o que tinham para gastar.

Com apenas 4 anos, a menina havia calculado o total gasto até aquele momento! Frequentadora de uma creche de baixa renda, ela aprendeu a contar e somar sozinha. Paulo tem 5 anos, é um menino alegre e comunicativo. Ele lê, escreve, canta e desenha, além de ter uma memória prodigiosa. Seus desenhos são excelentes para um garoto da sua idade.

Pequenina e tímida, Vitória aprendeu a ler com 2 anos, quando passou a receber também aulas de inglês. Hoje, com 4 anos, ela já se debruça na leitura da mitologia grega.Os três são superdotados. Mas como descobrir quando uma criança é superdotada (ou portadora de altas habilidades como preferem dizer os especialistas)?

Isso depende do conceito que se tem de superdotação. Até pouco tempo, a ideia que se tinha do superdotado remetia à imagem do garoto franzino, que era o primeiro da classe, craque em Química, Matemática ou Física.

Hoje a noção mais aceita é de que os superdotados são aquelas pessoas que têm os três traços: habilidade acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa. As habilidades podem ser em diversas áreas do conhecimento, como dança, construção civil, filosofia, desenho, escultura, esportes, literatura, ciências, trabalhos manuais, fotografia... ou habilidades gerais como memória, processamento de informação, vocabulário. "O envolvimento é a dedicação que o sujeito deposita em sua área de interesse, perseverança, dedicação, foco e motivação.

A criatividade está ligada ao pensamento inovador, à flexibilidade e novas formas de perceber as mesmas coisas", explica a psicóloga Nara Joyce Wellausen Vieira, da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Portadores de Altas Habilidades.

O mito de que a inteligência era uma coisa única, compacta, ruiu há muito tempo, graças aos estudos do psicólogo americano Howard Gardner, da Universidade Harvard, que mapeou as inteligências antes tidas apenas como aptidões.

Ele sustenta que há oito tipos diferentes de inteligência e não apenas aquele bloco de saber lógico que se julgava no passado ser a mais sublime expressão do intelecto. São elas a verbal, a musical, a matemática, a espacial, a corporal, a naturalista (a capacidade de compreender os fenômenos naturais), a intrapessoal (o autoconhecimento) e a interpessoal (a habilidade de interpretar as intenções alheias e exercer a liderança).

Se Gardner estiver certo, é possível que existam mais talentos do que poderíamos supor. Ao invés dos 1% a 3% de pessoas superdotadas, proposto pela Organização Mundial de Saúde, o índice pode saltar para 15%, levando em conta as habilidades artísticas, criativas, de liderança ou de esportes.

Outro pesquisador que deu um passo adiante na compreensão do que se considera um comportamento inteligente foi o psicólogo americano Joseph Renzulli, do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso da Universidade de Connecticut. Ao afirmar que o superdotado era uma mistura de talento, criatividade e dedicação obstinada, ele subverteu a visão antiga do Ocidente sobre os pequenos iluminados. "Tanto Gardner quanto Renzulli entendem que a inteligência não é um conceito fechado. Eles acreditam que as pessoas superdotadas têm diferentes perfis, que nem sempre condizem com a imagem do superdotado padrão, que é intelectual destacado", ressalta Nara.

Fonte: Portal Ciência e Vida

Desmame e alimentação - parte 1

O bebê não consegue ainda aceitar a existência de uma mãe da fase tranqüila e de uma mãe que pode ser usada e atacada durante suas fases excitadas ou de clímax pulsional.

Como a licença-maternidade termina no quarto mês, a maioria dos bebês deixa de se alimentar somente no peito, passando para um outro tipo de dieta. Chega então ou inicia-se o processo do desmame, tarefa nada fácil. A idade do desmame varia de cultura para cultura, mas dentro da teoria de D. W. Winnicott,ocorre quando o bebê se torna capaz de brincar, de deixar cair coisas (mais ou menos aos cinco meses e meio).

"No desmame, a finalidade é realmente usar a crescente capacidade da criança para livrar-se das coisas e fazer com que a perda do seio materno não seja apenas uma questão do acaso... O bebê que foi alimentado com êxito se sente feliz por ser desmamado no devido tempo, especialmente quando isso é acompanhado pela vasta ampliação do seu campo de experiências" (Winnicott, 1975).

Na época do desmame, aparece a "posição depressiva" como evidência do crescimento pessoal que se fortifica gradualmente, graças a um meio ambiente suficientemente bom e contínuo. Para tal, é que o bebê tenha se estabelecido como uma pessoa que se relacione como pessoa total e com pessoas (seio, corpo da mãe etc.). Winnicott sugere essa como um "estágio de preocupação": o bebê começa a preocupar quanto aos resultados do amor pulsional, é, preocupação como um estágio de remorso, culpa.

Bebê não consegue ainda aceitar a existência de da fase tranqüila e de uma mãe que pode ser usada atacada durante suas fases excitadas ou de pulsional. Não faz distinção entre fato e fantasia, tampouco ocorre a integração desta clivagem na sua mente por intermédio de uma "mãe suficientemente boa" e de sobrevivência dela por um período de tempo contínuo.

A criança saudável terá sempre uma fonte de sentimento de culpa como prova dessa junção em sua mente. Portanto, não é necessário ensinar - lhe o que é certo ou errado, lembrando que cada criança tem um potencial para o desenvolvimento do sentimento de culpa. O bebê percebe que a mãe que ele ataca e odeia é a mesma que ele ama e cuida.

A preocupação da criança se torna tolerável por saber que, com o tempo, pode fazer alguma coisa pela mãe, por ela ora atacada (reparação). A pulsão se torna mais livre e os riscos podem ser mais tolerados. A destruição torna necessária a reparação.

Existem diversas linhas sobre nutrição infantil, mas todas estão de acordo que o leite materno é a forma mais saudável de alimentação. É aconselhável que a instituição de educação que atende essa faixa etária incentive e auxilie as mães nessa prática, acolhendo-as, dando-lhes informações, propiciando inclusive um local adequado para que possam amamentar o bebê se desejarem e puderem.

Os bebês que são amamentados exclusivamente ao peito seguem esquemas diferentes de introdução de alimentos como sucos, frutas, papinhas, diferentes daqueles que já recebem leite de outra espécie. Vale lembrar que há crianças com dietas especiais como leite de cabra, soja etc. que necessitam de atenção redobrada dos profissionais responsáveis.

Dependendo da atitude da mãe em relação à criança, o desmame será tranqüilo ou não.
Quando bebês menores de seis meses freqüentam berçário ou creche, já foram desmamados ou estão em processo de desmame. É necessária a supervisão por um profissional de saúde com relação aos possíveis substitutos do leite materno.

As mamadeiras devem ser sempre oferecidas com o bebê no colo, bem recostado, o que propicia contato corporal, troca de olhares e expressões faciais entre o adulto e a criança. Recomenda-se que seja sempre o mesmo adulto ou profissional responsável pelo berçário ou creche que alimente e cuide dos bebês, pois o vínculo afetivo é fundamental para o desenvolvimento da criança.

Se o bebê demonstrar interesse em mamar sozinho e apresentar condições motoras para isso, é importante providenciar um local para que ele possa apoiar-se, evitando que tome a mamadeira em posição horizontal, o que pode aumentar o risco de acidentes (engasgamento) e otites (infecções de ouvido). A criança que busca essa independência de alimentar-se sozinha poderá, em alguns momentos, precisar de aconchego, colo e carinho. As educadoras deverão permanecer atentas a essas necessidades.

De acordo com hábitos regionais e o desenvolvimento da criança, alimentos diferentes do leite serão introduzidos na dieta alimentar. O adulto ou educador pode permitir que novas experiências e aquisições aconteçam no ato de se alimentar, pois gradativamente, a criança que necessitava do auxílio do adulto para alimentar-se sente a necessidade de segurar a colher, pegar alimentos com os dedos, levando-os até a boca.

Essa independência é muito importante para o desenvolvimento. Posteriormente, a criança domina o uso de talheres, toma líquidos na caneca, compartilha o lanche e algumas refeições à mesa com os amigos, diminuindo o uso da mamadeira.

domingo, 21 de março de 2010

Pequenos tiranos

Um sentimento de culpa leva os pais a fazer concessões além do necessário na educação de seus filhos. No entanto, essas são pequenas batalhas perdidas que, tempo depois, impedem uma relação equilibrada e saudável entre eles.

Segundo a psicóloga Alicia Banderas, especializada em psicologia educativa, os pais se impõem empecilhos, como a culpa, para não exercer a autoridade, em muitos casos por causa da dificuldade de conciliar trabalho e família.

"Não veem os filhos durante o dia todo e, quando voltam para casa, fica muito difícil impor limites e acabam evitando isso, querendo assim compensar a ausência", descreve Banderas. Essa é uma das razões pelas quais a terapeuta organiza periodicamente o evento "Escolas de pais".

É preciso marcar uma diferença clara entre uma criança tirana e uma desobediente. A primeira mostra insensibilidade perante a dor alheia. É incapaz de perceber o dano que causa aos outros e não tem remorsos de consciência: a culpa é sempre dos outros. Impulsivas e egocêntrica, ela não se coloca na pele dos outros e costuma ter atitudes vingativas.

O mau comportamento das crianças gera situações de frustração, agressividade e manipulação no entorno familiar. São os pais os responsáveis por acabar com esse tipo de constrangimento, aplicando regras e punições.

Já a criança desobediente foge das regras, bate a porta na cara de alguém, tem raiva passageira, grita e esperneia, mas é consciente do mal que causou.

Da mesma maneira, tratando-se de adolescentes, não se deve confundir rebeldia com tirania. Esta última provoca não só desobediência das regras, mas crueldade e pouco medo ao castigo.
"Na tirania, há uma predisposição genética, mas isso não determina que a criança seja tirana. Cada um nasce com um temperamento, mas o trabalho educativo dos pais evita que esse comportamento exploda", assegura a psicóloga.

A permissividade e a vulnerabilidade dos pais são atitudes das quais os filhos se aproveitam para se transformar em tiranos, explica Banderas. "Quando o pai se cansa de tentar impor regras e limites, de arcar com a responsabilidade pela educação, surge um desgaste que o torna vulnerável. Esse é o alimento perfeito para que o filho se torne o rei da casa", ressalta.

Pouca responsabilidade

Crianças e adolescentes apresentam, cada vez mais frequentemente, falta de responsabilidade, pouco autocontrole, egoísmo exacerbado, intolerância à frustração, agressividade e uma tendência excessiva à manipulação. Encontrar a solução para o problema que gera essa atitude é fundamental para detê-lo e para começar a aplicar técnicas efetivas.

Pequenos, mas não tolos. Eles sabem como conseguir seus objetivos e sua 'má' educação os leva a se transformarem em "Pequenos tiranos". Este é o título do livro de Alicia Banderas. Ela afirma que é preciso sempre tentar conhecer o que há por trás da atitude de uma criança ou de um adolescente que não tem um bom comportamento. A psicóloga oferece respostas a pais e a educadores para evitar que os filhos se transformem em pessoas exigentes e incapazes de assumir responsabilidades.

Tudo é questão de educação, deve-se dedicar tempo a essa tarefa. Estabelecer hábitos e rotinas é fundamental para criar controle sobre os filhos. Fazer as coisas por eles para evitar uma discussão ou para não repetir várias vezes a mesma ordem impede que eles sejam pessoas autônomas e responsáveis.

"A responsabilidade é uma qualidade positiva que não é inata, se aprende pouco a pouco", afirma Banderas. A psicóloga explica que, em muitos casos desastrados, os pais mandam seus filhos fazerem várias coisas ao mesmo tempo e, por vezes, sem uma preparação prévia.

Os pais confundem exercer sua autoridade com autoritarismo. Segundo a psicóloga, o autoritarismo é o mais parecido a uma ditadura, no estilo 'isto é assim porque eu digo e acabou'. Essa atitude se equivoca com a de autoridade, que é a maneira de ser reconhecido(a) pelo respeito. "Se você quer ter a autoridade como pai ou mãe, não deve estabelecer uma ditadura.

Você pode conciliar firmeza com carinho", destaca Banderas.

Ela também adverte que querer ser 'colega' dos filhos é uma atitude imprudente, pois os pais "não têm os mesmos interesses que eles". Se os pais não 'treinam' para assumir responsabilidades, no final não há credibilidade em suas decisões. E ainda que os pais tomem tais decisões, se elas não saem como esperavam, culpam aos outros por isso.

"Eles tomam decisões por capricho, mas que depois não assumem como se fossem sua responsabilidade. Desejam coisas em benefício próprio e decidem de forma inconsciente, sem refletir".

Com clareza

Para Alicia Banderas, o ideal é que as crianças aprendam a assumir responsabilidades quase como um jogo, de maneira que não signifique um esforço para elas, "isso lhe proporcionará auto-estima e uma grande autonomia", comenta.

Segundo a psicóloga, os pais precisam dizer aos filhos clara e especificamente o que querem. Por exemplo, as tarefas no lar. O que pode parecer uma mensagem clara como: "arrume seu quarto", pode ser ambígua e pouco precisa aos filhos, pois eles não sabem onde está o limite para terminar. "Além disso, certamente nossa percepção de ordem não se corresponde com a deles. É necessário sentar com ele e explicar claramente o que queremos", acrescenta.

Quando é tarde demais para perceber que a relação com os filhos fugiu ao controle dos pais? "Sempre temos tempo para modificá-la. Sempre é mais fácil começar controlando as primeiras raivas passageiras das crianças. Os pais devem evitar justificações do tipo 'é muito novo para entender'. Se a comunicação chegou a um ponto em que está desestruturada, embora seja difícil retomá-la, é possível conseguir com persistência".

Um excesso de atenção provoca situações de chantagem inclusive das crianças. Elas querem tudo e querem agora. Em um momento de raiva passageira dos filhos, se os pais "os abraçam, acabam reforçando a atitude das crianças para conseguir as coisas desse modo", adverte Banderas.

A psicóloga afirma que sua experiência permitiu a ela observar que há uma desproporção entre o esforço dos filhos e a recompensa dada pelos pais. "Os pais se queixam que o filho não estuda nem arruma a mesa, mas não deixam de pagar a recarga do celular nem cortam nada do que ele quer, independentemente do esforço que faça. Isso o transforma em um tirano".

Por outro lado, os jovens se queixam de falta de atenção dos pais. "Um filho tem que saber que é querido e sentir isso". Na conversa, deve existir contato visual. A criança tem que perceber que realmente é ouvida, não basta com ouvi-la enquanto digita no computador.

"Por exemplo, quando se discute o tema das drogas ou sexo, os pais apressam-se a julgar e a dar conselhos antes de ouvir a criança e transformam a conversa em um interrogatório policial. Embora agora haja maior comunicação entre pais e filhos, ela não é feita da melhor maneira", indica Banderas.

Para ela, o fato de que a idade para assumir a paternidade tenha aumentado não significa que tenha aumentado este tipo de conflitos familiares. As causas dos problemas são os impedimentos emocionais como a culpa ou a proteção exacerbada.

"Queremos fazer tudo por eles e estudar passa a ser sua única responsabilidade. 'Logo eles sairão para o mundo real. Enquanto viverem em casa, que vivam como reis', dizem alguns pais", conclui a especialista.

Fonte: EFE

A primeira Escola e a Adaptação - parte 2

Estudos desenvolvidos na Creche Carochinha, da USP de Ribeirão Preto, que existe há 10 anos e atende às famílias que têm vínculo de trabalho ou estudam na Universidade, têm como objetivos específicos:

. Investigar como o adulto (familiar ou educador) em suas interações com a criança, apresenta e significa as novas experiências na creche. Como ele a integra ao novo ambiente, aos novos objetos e pessoas, incluindo as outras crianças. Que significado atribui à ausência da mãe e familiares, ao fato de a mãe não se responsabilizar pelos cuidados do filho e à presença de outros adultos que cuidarão da criança no período de ausência da mãe; . Investigar longitudinalmente a construção das relações e o estabelecimento de vínculos entre a criança e os educadores e entre a criança e outras crianças do berçário e do mini grupo;

. Investigar a construção e desenvolvimento de relações entre a mãe, o pai e outros familiares com os educadores de seus filhos e com a creche, buscando verificar sua influência sobre as reações da criança durante o processo de adaptação;

. Analisar eventuais alterações no estado de saúde das crianças e em seus hábitos alimentares, de sono e eliminação durante o processo de adaptação como uma possível resposta ao estresse causado pela separação dos familiares e por um ambiente e uma rotina novos que têm de enfrentar.

A creche Carochinha, compreendendo a necessidade de que o processo de adaptação ocorra da forma mais adequada possível para a criança e a sua família, permanece investindo em pesquisas, esperando que as investigações e projetos futuros possam contribuir para o trabalho de formação do educador.

O Censo Escolar de 2001 revelou que as matrículas em creches cresceram 19,2% e na pré escola, 8,9%. Cerca de 6 milhões de crianças de zero a seis anos têm acesso a educação infantil. Cerca de um milhão estão em creches. Ainda assim, o ensino infantil atende menos de um terço das crianças dessa faixa etária.

Até 1988, o atendimento a crianças de zero a seis anos era considerado assistência social. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 colocou esse nível de ensino como parte da educação básica no Brasil, estabelecendo sua divisão entre creches (crianças de zero a três anos) e pré-escolas (crianças de quatro a seis anos). A lei também determina a transferência da educação infantil pública dos estados para os municípios.

Estudos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) indicam que a educação infantil, embora não seja obrigatória, proporciona melhor rendimento nos primeiros anos do ensino fundamental, diminuindo índices de repetência e evasão - problemas que atingem principalmente as famílias mais pobres, em que os pais têm baixo nível de instrução e a criança não encontra em casa materiais que a estimulem (ornais, revistas ou brinquedos).

Em setembro de 2001, o MEC divulgou os resultados preliminares do primeiro censo realizado exclusivamente entre as instituições de educação infantil e considerou também pesquisas realizadas em escolas clandestinas. Os primeiros resultados mostram que a maioria dos municípios brasileiros mantém escolas de educação infantil: 72% possuem creche e 98% têm pré-escola. A Região Sul têm o maior índice de atendimento pré-escolar (99%).

O maior índice de atendimento em creches está no Sudeste (78% ). Do total das escolas, apenas 14% oferecem oficinas de arte e 17% possuem sala de música. Das creches, 9% têm enfermaria à disposição dos alunos, 24% possuem fraldário e 15%, lactário.

O censo mostra também que a maioria das escolas do país (77%) consultou, ao menos uma vez, os Referenciais Curriculares Nacionais elaborados e distribuídos pelo MEC, um guia de reflexão sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam na educação infantil de zero a seis anos. Sua utilização chega a 86% nos estabelecimentos com mais de 100 alunos. No Norte e Nordeste, onde a proporção é relativamente menor, os referenciais são usados por 7% das instituições.

Mais de 10 mil escolas infantis são filantrópicas ou comunitárias. Dessas, 7 mil possuem voluntários em cargos de direção. Cerca de 4 mil estabelecimentos contam com voluntários no apoio operacional.

Com o objetivo de melhorar a qualidade da educação infantil, a Câmara de Educação Básica fixou no ano 2000 normas para o funcionamento de creches e pré-escolas. Os municípios são obrigados a fiscalizar periodicamente esses estabelecimentos, que, com base nessa avaliação, podem ser descredenciados. Foi estabelecida a obrigatoriedade de diploma de nível médio para professores e pelo menos o ensino fundamental completo para outros profissionais, como cozinheiros, porteiros e faxineiros.

domingo, 14 de março de 2010

Como Cuidar dos Dentes de Crianças Pequenas?

Como posso cuidar dos dentes dos meus filhos na idade entre um e três anos?Ensinar bons hábitos de higiene bucal para seus filhos é uma das melhores lições de saúde que você pode ensinar a eles. Isto significa ajudá-los a escovar os dentes no mínimo três vezes ao dia, mostrar a maneira certa de usar o fio dental, incentivá-los a comer pouco entre as refeições e sempre ir ao dentista.

A maioria dos dentistas recomenda que as crianças devam começar a ir ao dentista com dois anos de idade. Isto dá ao profissional a oportunidade de acompanhar o crescimento e o desenvolvimento dos dentes do seu filho e, além disso, você pode aprender vários tópicos, como os dentes se desenvolvem, a importância do flúor, como ajudar seu filho a cuidar bem dos dentes, como lidar com o uso da chupeta, sobre a alimentação e como prevenir ferimentos na boca.Nunca deixe de dizer que é bom ir ao dentista.

Explique a seu filho que uma consulta com o profissional ajuda manter a boa higiene bucal. Ao transmitir uma atitude positiva, você estimulará o seu filho a ir ao dentista regularmente.O que devo fazer quando os dentes do meu filho começarem a nascer?Os dentes começam a nascer quando o bebê tem seis meses de idade e continuam a erupcionar até o terceiro ano de idade. Isto faz com que muitas crianças tenham gengivas mais sensíveis e irritáveis nesta época. Pode-se massagear a gengiva usando o dedo, uma colher fria ou um mordedor que foi colocado na geladeira.

Também há a possibilidade do uso de gel e medicamentos contra a dor no período em que os dentes estão aparecendo. Fale com seu dentista ou pediatra sobre estes medicamentos. Se seu filho estiver com febre durante o aparecimento da dentição, o melhor é avisar seu médico para garantir que a febre não esteja relacionada com outro problema.

Qual é a maneira certa de escovar os dentes do meu filho pequeno?Primeiramente é importante estar ao lado de seu filho no momento da escovação até ele atingir a idade de seis anos. Siga as indicações abaixo:

  • Use uma pequena quantidade de creme dental com flúor. Não deixe seu filho engolir o creme.


  • Use uma escova macia. Primeiro limpe as superfícies internas dos dentes, onde o acúmulo de placa é maior. As cerdas da escova devem estar em um ângulo de 45 graus em relação à gengiva.

  • Escove suavemente para frente e para trás.


  • Escove todas as superfícies dos dentes voltadas para a bochecha. As cerdas da escova devem estar em um ângulo de 45 graus em relação à gengiva. Escove suavemente para frente e para trás.


  • Escove a superfície de mastigação dos dentes, para frente e para trás.

Chupar o dedo faz mal? Como posso evitar isto?O reflexo de sugar é normal e saudável nos bebês. Mas, o hábito de chupar o dedo pode causar problemas de desenvolvimento da boca e do queixo, e afetar a posição dos dentes, principalmente se continuar depois que os dentes permanentes tiverem nascido. O resultado disso pode ser dentes anteriores que nascem inclinados para fora, ou mordida aberta. Isto pode causar problemas na vida adulta, como, por exemplo, dentes que se desgastam rapidamente, maior número de cáries e desconforto ao mastigar.

As chupetas também podem causar danos parecidos, se usadas após a erupção dos dentes permanentes.A melhor maneira de tratar o hábito de chupar o dedo é através de estímulos positivos, não de palavras e comportamentos negativos. Para seu filho, o hábito de chupar o dedo é uma coisa natural.

Elogie seu filho quando não estiver chupando os dedos. Talvez seja preciso resolver o problema de ansiedade que leva seu filho a ter este hábito. Você pode conscientizar seu filho que ele tem este hábito, colocando um esparadrapo no dedo que ele chupa ou uma meia em sua mão à noite. Seu dentista ou pediatra pode receitar um medicamento com sabor amargo para passar no dedo o que leva a criança a perder este hábito com mais facilidade.

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* Artigo fornecido pela Colgate-Palmolive. Copyright 2010 Colgate-Palmolive.Todos os direitos reservados.

A primeira Escola e a Adaptação - parte 1

De repente, o bebezinho começou a andar e já está se preparando para ir à escola. Se a família puder optar, é importante que permaneça com a criança até os três anos, para só então iniciar a educação escolar. Nesta fase, a criança já apresenta maturidade suficiente para se relacionar com os colegas, respeitando normas de convivência, tem controle dos esfíncteres e apresenta vocabulário que permite a comunicação.

Acompanhar esse desenvolvimento exigirá capacidade de dar à criança condições de desenvolver sua personalidade fora de casa, garantindo ao mesmo tempo uma estrutura familiar capaz de acolhê-la de volta quando precisar dividir suas experiências. Além disso, o conhecimento que você tem de seu filho permitirá flexibilidade suficiente para tomar decisões diferentes em cada etapa do crescimento.

Difícil decisão

Se a mãe necessita retornar ao trabalho e não há ninguém que possa se responsabilizar pelos cuidados e pela educação do bebê, será necessário optar por um parente próximo ou por um berçário. Cerca de metade dos pais resolve a situação entregando a guarda da criança normalmente a uma avó. Acredito que é uma boa opção, porque a criança já está adaptada a sua presença.

Além disso, não há necessidade urgente de preocupar-se com a qualidade dos serviços das instituições. Mas é preciso estar preparada para alguns cuidados, pois se existem as duas avós, podem surgir "problemas" diante da opção por uma delas - quase sempre a escolhida é a avó materna.

É importante que os pais esclareçam a maneira e as atitudes que gostariam de ver desenvolvidas na criança, estarem atentos a possíveis mudanças de comportamento. Pais e avós devem procurar falar a mesma linguagem, respeitando as orientações e/ou sugestões de cada um. Não é preciso lembrar que o diálogo é a solução para tudo.

É evidente que se você optou por deixar uma criança sob a responsabilidade de sua mãe ou sogra é porque confia nela.

É evidente que se você optou por deixar uma criança sob a responsabilidade de sua mãe ou sogra, é porque confia nela. Não convém ficar questionando ou ligando do serviço, de meia em meia hora, para verificar se tudo está bem. Essas atitudes geram insegurança, desconforto e até possíveis conflitos. A avó é uma figura especial.

Quem teve oportunidade de ter um colinho de vovó para se aconchegar vai concordar que não há palavras para definir como é importante esse contato, e que sentimentos e lembranças gostosas uma avó pode significar. Ela já criou os filhos e pode agora desfrutar dos netos, sem "estragá-los", é claro.

Estragar? Será que o amor estraga alguém? A criança percebe muito bem que a mãe precisa impor limites ou regras. Também sabe que a vovó vai permitir que ela transgrida algumas dessas regras. Essa cumplicidade entre a criança e a avó é muito saudável. O que não deve acontecer é a avó questionar as ordens da mãe, passando por cima da educação que se deseja.

Os conselhos e palpites da vovó devem ser ouvidos com muita boa vontade e educação, mas não precisam ser seguidos. Muitas das vezes, a avó tem razão em suas observações, mas jamais deve desafiar a autoridade dos pais. A relação de harmonia entre os familiares é o essencial para a criança.

Quando a avó fizer algo (significativo) com a criança sem consultar os pais, o melhor é esclarecer abertamente que a atitude não agradou, sem causar constrangimentos ou mágoas.

Quem quer cuidar dos filhos precisa fazê-lo integralmente: decidir sobre a escola, médico, alimentação etc. A inexperiência de casais ou a sua juventude muitas das vezes faz com que responsabilidades sejam delegadas para as avós, que depois não admitem a interferência dos pais, o que é muito desagradável. Definir limites na atuação da avó é o ideal para evitar qualquer tipo de constrangimento.

É pela mediação com o meio e com a apresentação de significados que, gradativamente, os signos existentes nas atividades sociais diversificadas vão sendo incorporados pela criança e passam a ser tornar simbólicos de sua relação com o mundo.

"A criança atua nesse processo como um ser ativo, que desempenha um papel importante nas interações (Vygotsky). A criança tem assim a possibilidade de ser influenciada pelo meio e também de atuar sobre ele, transformando-o, re-significando-o, numa construção mútua, onde tanto a criança, como o adulto, desenvolvemse (Wallon; Vygotsky) ".

Existem poucos estudos documentando e investigando como se dão os processos de adaptação de bebês à creche, em especial no que se refere à criança menor de dois anos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Depressão infantil: como lidar

Por meio de entrevistas, antropóloga analisou como famílias de baixa renda e médicos encaram o surgimento e o desenvolvimento da doença.

A intervenção médica e terapêutica em casos de depressão infantil pode se tornar mais adequada às diferentes realidades. Uma pesquisa de doutorado realizada pela antropóloga Eunice Nakamura busca auxiliar profissionais da área da saúde a compreenderem que há outras noções e significados da doença.

A pesquisadora investigou as diferentes maneiras com que médicos, veículos de imprensa e famílias de baixa renda encaram o transtorno."Os familiares de crianças deprimidas costumam agir como um 'filtro' à investigação psiquiátrica", afirma a antropóloga, que apresentou seu estudo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

De acordo com a pesquisadora, as famílias fazem um "arranjo" a partir do que encontram na imprensa e no discurso dos psiquiatras. "Cada grupo tem sua própria lógica de compreensão, embora todos repitam os conceitos científicos", aponta.Eunice analisou artigos publicados na mídia impressa entre 1999 e 2003 e entrevistou médicos e familiares de crianças com depressão. Segundo ela, a rede de informações disponível a respeito da depressão infantil mescla conceitos científicos e dados mais simplificados.

A mídia, ao mesmo tempo em que transmite definições técnicas, simplifica certos dados, "permitindo que uma noção de doença se torne comum". "É preciso considerar o papel da imprensa de levar informações às pessoas leigas. Para isso, a simplificação é necessária", destaca.

Rol de problemas

Eunice consultou nove famílias de crianças com depressão, cujas idades variavam entre 6 e 12 anos. Todas elas recebiam atendimento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FM) da USP e eram moradoras da periferia de São Paulo.

A pesquisadora obteve informações a respeito do modo com que os familiares encaravam o problema da depressão infantil, o comportamento da criança e sua adequação ao tratamento médico. "Os familiares costumam inserir a depressão infantil no rol de seus problemas e insatisfações, como dificuldades econômicas, desemprego e acesso precário a serviços e lazer", conta Eunice. "As famílias demonstraram um incômodo perante o comportamento da criança, que se transforma em mais um problema com o qual se deve lidar".

Para a antropóloga, isso demonstra que a noção científica de depressão, embora aceita, não é a única forma de se explicar o desenvolvimento da doença. Afinal, a depressão infantil não é apenas colocada entre os diversos problemas enfrentados pela família, mas também atribuída a essa série de dificuldades.

Filtro

Eunice consultou oito psiquiatras do HC envolvidos no tratamento dessas crianças e concluiu que os médicos vêem nos familiares uma espécie de "filtro de informações". "O médico se encontra num embate entre a literatura científica e a prática, na qual a família percebe a depressão infantil de uma forma particular", explica. Segundo os médicos entrevistados, os familiares muitas vezes confundem os sintomas da depressão com comportamentos descritos como "manha" ou "birra". Por isso, o tratamento fica sujeito ao "grau de tolerância da família com relação ao comportamento da criança.

O médico, então, procura intervir nesse comportamento, por meio de medicamentos e psicoterapia, a qual possibilita um maior acesso ao paciente". Entretanto, muitas das crianças, devido a problemas financeiros, não são submetidas à psicoterapia, pois o deslocamento numa grande cidade demanda gastos muitas vezes incompatíveis com o orçamento de famílias da periferia. "Para os médicos entrevistados, a depressão está vinculada à noção de mau funcionamento e, conseqüentemente, à necessidade de ajuste das crianças, mas essa intervenção é muitas vezes restrita em função da realidade vivida pelas famílias", ressalta Eunice.

Reportagem Flávia Souza.

Mais informações: (0XX11) 4746-2664, com Eunice Nakamura; e-mail: eunice_nakamura@hotmail.com.

Fonte: Agência USP de Notícias - Site Sentidos (www.sentidos.com.br)

EDIÇÃO Nº 22 JUL/AGO-2000 -->

terça-feira, 9 de março de 2010

Depressão Infantil

Segundo estudos, a maioria das pessoas ainda acredita que a criança não fica "nervosa", porque criança não tem os problemas com que o adulto convive diariamente.

Geralmente a família só é mobilizada a procurar quando para a criança quando fica evidente a depressão ou quando o rendimento escolar e a aprendizagem estão comprometidos. A depressão foi considerada a principal doença psiquiátrica do século, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte (onde são realizadas as principais pesquisas).

Embora na maioria das crianças a sintomatologia da depressão seja atípica, algumas podem apresentar sintomas clássicos: tristeza, expectativa, mudanças no hábito alimentar e no sono, dores inespecíficas, tonturas, mal estar e fraqueza, que não respondem ao tratamento médico habitual. Em muitos casos, é possível observar maior sensibilidade emocional, choro fácil, inquietação, irritabilidade e rebeldia.

São de extrema importância as mudanças de comportamento na criança, principalmente as alterações súbitas, quando a conduta da criança altera-se de modo inexplicável. Dependendo da intensidade da depressão, pode haver desinteresse substancial pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional.

Na fase pré-verbal, a criança deprimida pode manifestar o humor rebaixa do por expressões mímicas e pelo comportamento. A inquietação, o retraimento social, o choro freqüente, a recusa alimentar, a apatia e as alterações do sono podem ser indícios de depressão nesta fase. Na fase pré-escolar, as crianças podem somatizar o transtorno afetivo, o qual se manifestará por dores abdominais, falta de ganho de peso, retardo no desenvolvimento físico esperado para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração do apetite, hiperatividade e medo inespecífico.

A depressão infantil tem sido cada vez mais observada, devido em parte à atualização conceitual e à atenção médica crescente sobre esta doença. A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Com base nas tabelas para diagnóstico revistas por José Carlos Martins, é possível compor os seguintes critérios:

. Mudanças de humor significativas;
É importante registrar que não é obrigatório que a criança depressiva apresente todos os sintomas citados para se fazer um diagnóstico. Pais e educadores devem permanecer atentos sempre, pois qualquer alteração na criança que, por vezes, julgamos precipitadamente como insignificante, pode ser um sinal de que algo não está bem. A criança deve apresentar um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada.
A depressão infantil tem sido cada vez mais observada, devido em parte à atualização conceitual e à atenção médica crescente sobre essa doença.
. Diminuição da atividade e do interesse;
. Queda no rendimento escolar, perda da atenção;
. Distúrbios do sono;
. Aparecimento de condutas agressivas;
. Auto depreciação;
. Perda de energia física e mental;
. Queixas somáticas;
. Fobia escolar;
. Perda ou aumento de peso;
. Cansaço matinal;
. Aumento de sensibilidade (irritação ou choro fácil) ;
. Negativismo e pessimismo;
. Sentimento de rejeição;
. Idéias mórbidas sobre a vida;
. Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama) ;
. Condutas anti-sociais e destrutivas;
. Ansiedade e hipocondria.